Num estudo realizado com ciclistas, na cidade de São Paulo, o educador físico Ramon Cruz avaliou os efeitos da prática da atividade física em ambientes expostos à poluição atmosférica. Ao todo foram envolvidos 15 participantes, todos voluntários, que realizaram exercícios intervalados, de alta intensidade, e depois exercícios contínuos com uma intensidade mais baixa. Quando o exercício intervalado de alta intensidade foi realizado num ambiente de poluição atmosférica, houve impacto negativo para a pressão arterial após a atividade. “É natural que após os exercícios os valores da pressão arterial sejam mais baixos”, citou o pesquisador em entrevista aos Novos Cientistas desta quinta-feira (12). Na poluição atmosférica, segundo Cruz, esse feito hipotensor foi inibido dez minutos após a atividade. “Uma hora depois, houve o efeito mas não foi tão alto como poderia ser quando se compara com um ambiente sem poluição atmosférica”, descreveu.
A pesquisa intitulada Exercício intervalado de alta intensidade e poluição atmosférica: análise dos efeitos para o sistema cardiovascular, perfil inflamatório e metabolômica, defendida na Escola de Educação Física e Esportes (EEFE) da USP, permitiu concluir que os benefícios adquiridos nos exercícios de alta intensidade acabam sendo inibidos na poluição atmosférica. “Isso não ocorre quando as atividades são de baixa intensidade”, afirmou Cruz, ressaltando que é melhor ser fisicamente ativo do que sedentário. “É claro que é bom se exercitar, mas sob ambientes em que há poluição atmosférica, como na cidade de São Paulo, o ideal é não praticar as atividades de alto impacto. O pesquisador também aconselhou que exercícios em ambientes poluídos devem ser evitados em horários de pico, onde a exposição aos poluentes é maior. Cruz também destacou a parceria feita com a Faculdade de Medicina (FM) da USP, em que houve colaboração do professor Paulo Saldiva. A pesquisa teve a orientação do Rômulo Cássio de Moraes Bertuzzi, da EEFE.