Entre os anos de 2006 e 2016, o economista Bernardo Ostrovski analisou se comportamentos violentos, que resultaram em mortes, poderiam ser induzidos por resultados de jogos de futebol. Em suas análises, o pesquisador não se ateve a manifestações locais dos comportamentos violentos. Ou seja, se um jogo acontece numa cidade como São Paulo, por exemplo, Ostrovski avaliou informações do sistema DATASUS sobre mortes em decorrência de violências fora do entorno do local das partidas. “Utilizamos o fato de que os torcedores de times de futebol do Brasil estão espalhados ao longo de outros municípios fora do local dos jogos, por todo o país”, disse o pesquisador.
Se dois times do Rio de Janeiro, por exemplo, atuam num determinado dia e horário, é possível captar a proporção de pessoas atingidas por choques emocionais no Piauí. Como “choque” o pesquisador definiu um resultado não esperado. “De fato, o futebol é um estopim para algumas mortes por causas violentas”, lamenta o pesquisador. Entre as constatações da pesquisa, é a de que as mortes de mulheres ocorridas em casa aumentam de forma significante diante dos choques negativos em relação aos resultados.
A principal conclusão é de que as pessoas, de fato, reagem de forma violenta a resultados de certa forma “inesperados”. “Se uma equipe é favorita e perde o jogo, consideramos que houve aí um choque, que poderá provocar o comportamento violento. Ostrovski também teve como base um estudo norte-americano sobre os resultados de jogos de futebol americano. “No caso deles, foram estudados os casos de atitudes violentas, mas não as mortes”, explicou.