Fim da escravidão não reduziu o poder dos escravocratas no Estado de São Paulo

Os escravocratas paulistas, em sua maioria grandes proprietários de terras, mantinham fortes influências sobre as políticas das cidades do Estado. E mesmo com a Lei Áurea, decretada em 1888, que estabeleceu o fim da escravidão, continuaram a exercer influências sobre a economia e a política das cidades

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 02/03/2023 - Publicado há 1 ano
Novos Cientistas - USP
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Fim da escravidão não reduziu o poder dos escravocratas no Estado de São Paulo
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Neste primeiro podcast de Os Novos Cientistas de 2023, desta quinta-feira, dia 2 de março, ouvimos o cientista social Josué Lima Nóbrega Junior. Ele é autor do estudo de doutorado intitulado Escravidão, raça e coronelismo: municípios e finanças públicas em São Paulo na Primeira República, que foi defendido na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

A pesquisa de Nóbrega Junior, que foi orientada pelo professor Paolo Ricci, da FFLCH, analisou os efeitos do fim da escravidão para os negros (ex-escravizados), para os escravocratas e para as finanças das cidades do Estado de São Paulo durante a Primeira República, no período entre 1888 e 1930. “Minha pesquisa envolveu todos os municípios do Estado de São Paulo, mais especificamente as regiões de cultura do café. O auge da exploração escravista paulista esteve muito ligado à expansão da economia cafeeira”, disse o cientista social.

O pesquisador lembrou que boa parte dos escravocratas paulistas queria um final diferente para a escravidão. “Eles desejavam que a abolição por aqui seguisse o modelo norte-americano, ou seja, que não terminasse de imediato em todo o País, mas que fosse se acabando de forma gradativa de acordo com as necessidades de cada Estado”, disse. Além disso, na Primeira República, no período pós-abolição, o controle dos grandes fazendeiros negou à população pobre e ex-escravizada condições adequadas de vida e educação.

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