Não! Fique tranquilo. Vacinas de DNA e RNA não alteram nosso material genético, nem poderiam nos transformar em uma nova espécie. No podcast Fake News Não Pod desta semana, os acadêmicos Laura Colete Cunha e Wasim Aluísio Prates Syed explicam que, antes de entender como essas vacinas funcionam, é necessário conhecer o que é o DNA e o RNA.
Segundo os acadêmicos, o DNA, para a maioria dos seres vivos, é o material genético passado de geração em geração que contém as informações para determinar todas as características e funções dos seres vivos. O DNA é uma molécula enorme, com milhares de genes e que está presente em cada célula de nosso corpo. Genes, na definição clássica, contêm a informação para produzir proteínas, moléculas que constituem boa parte do corpo, incluindo cabelos, unhas, saliva e os anticorpos. Para produzir essas proteínas, o DNA é lido no núcleo pela maquinaria celular para gerar a molécula de RNA, ou mais especificamente, o mRNA (RNA mensageiro): esse processo é chamado de transcrição. Em seguida o mRNA é transportado para o citoplasma e lido por um conjunto de estruturas chamadas ribossomos, que transformam a informação do mRNA em proteínas, em um processo chamado de tradução.
As vacinas de DNA, como a da Inovio, utilizam um pequeno DNA circular chamado plasmídeo (muitíssimo menor do que o nosso DNA). Nele, realizam-se modificações e inserções de genes do sars-cov-2, o vírus causador da covid-19. Quando o plasmídeo é inserido no núcleo das células do paciente, ele é lido pela maquinaria celular, então, produz uma proteína relacionada ao gene do vírus e essa proteína será reconhecida como estranha pelo sistema imune, induzindo imunidade contra o vírus.
As vacinas de RNA, como a da Moderna, seguem o mesmo princípio. No entanto, elas não necessitam que o mRNA seja inserido no núcleo, visto que a tradução dessa molécula é realizada no citoplasma. Nem o DNA plasmidial nem o mRNA são inseridos dentro do genoma humano e, portanto, não alteram nosso DNA. Ainda que o plasmídeo seja inserido no núcleo, ele não se multiplica junto com o DNA celular durante a divisão celular.
Como dito anteriormente, mesmo que inventassem uma vacina de DNA, cujo plasmídeo pudesse se integrar ao genoma, seria muito improvável que a inserção de novos genes criasse um novo tipo de humano ou capacidades novas, como superinteligência. Afinal, somos o produto de bilhões de anos de evolução, temos um DNA enorme ainda em estudo e genes que interagem entre si de formas complexas.
Ouça no player acima este episódio do podcast Fake News Não Pod.