No episódio de hoje do podcast Fake News Não Pod, a acadêmica Laura Colete Cunha fala sobre a origem do sars-cov-2, o vírus causador da covid-19, um coronavírus cuja origem geográfica ainda não é bem definida. Embora sua manifestação tenha sido relatada oficialmente apenas em janeiro de 2020, já em novembro do ano anterior eram vistos casos de uma síndrome respiratória aguda, de origem desconhecida, no mercado da cidade de Wuhan, na China.
O vírus apresenta algumas pistas evolutivas marcadas em seu genoma que indicam que ele não é produto de manipulação genética, mas sim da própria evolução natural. “As análises genéticas apontam que o sars-cov-2 compartilha um mesmo ancestral comum com o vírus RaTG13, de morcegos-ferradura; este apresenta semelhança genômica com o sars-cov-2, mas contém diferenças significativas na proteína Spike, usada pelo novo coronavírus para entrar nas células.”
No entanto, diz Laura, alguns coronavírus de pangolins, em outras análises genéticas, apresentaram similaridade no gene da proteína Spike, o que levou à conclusão de que algum coronavírus de morcegos-ferradura e outro coronavírus de pangolins entraram em contato, trocaram pedaços de material genético no mesmo hospedeiro e sofreram um processo de seleção natural, no qual alguns vírus mais adaptados a infectar humanos foram selecionados e deram origem ao sars-cov-2.
Hoje, novas análises apontam que essa troca de material genético provavelmente não ocorreu e mais evidências se acumularam a favor da hipótese de que o vírus surgiu por divergência evolutiva de outros coronavírus de morcegos – ou seja, quando membros de uma espécie seguem caminhos evolutivos diferentes – em três épocas diferentes: 1948, 1969 e 1982.
Os resultados sugerem que o vírus causador da covid-19 tem circulado entre morcegos há décadas sem ser notado, indicando a importância de uma vigilância genômica eficiente em detectar novos vírus com potencial pandêmico.
Ouça no player acima o episódio completo do podcast Fake News Não Pod desta semana.