Curioso por Ciência #35: Pesquisa em ratas mostra que o período pré-menstrual é mais propenso aos sinais de pânico

Nesse período os níveis de um hormônio chamado progesterona e seu metabólito, a alopregnanolona, caem drasticamente e eles têm um papel importante na regulação do humor e na resposta ao estresse

 26/08/2024 - Publicado há 3 meses
Curioso por Ciência - USP
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Curioso por Ciência #35: Pesquisa em ratas mostra que o período pré-menstrual é mais propenso aos sinais de pânico
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No Curioso por Ciência desta semana, Isabelle Rodrigues, do Dr. Fsiologia, traz os resultados de uma pesquisa em modelos animais que investigou se fatores como sexo, ciclo menstrual e níveis hormonais influenciam o comportamento de pânico. O estudo envolveu a exposição de ratos e ratas a uma condição de baixa oxigenação, um estímulo que pode induzir comportamentos de pânico.

Os resultados mostraram que as ratas, especialmente aquelas na fase do ciclo menstrual equivalente à fase pré-menstrual das mulheres, eram mais propensas a mostrar sinais de pânico, como saltos e tentativas de fuga.  Durante a fase pré-menstrual, os níveis de um hormônio chamado progesterona e seu metabólito, a alopregnanolona (ou ALLO), caem drasticamente. Esses hormônios têm um papel importante na regulação do humor e na resposta ao estresse.

Outra parte interessante do estudo, segundo Isabelle, explorou como diferentes medicamentos podem influenciar essa resposta. Um dos medicamentos testados foi a fluoxetina, mais conhecida como Prozac, que é um antidepressivo. Em doses baixas, a fluoxetina parece aumentar os níveis de ALLO, ajudando a reduzir os comportamentos de pânico nas ratas. Isso sugere que a ALLO tem um papel protetor, modulando a resposta ao estresse e ao pânico. Por outro lado, quando as ratas receberam um bloqueador de ALLO, chamado finasterida, elas mostraram um aumento no comportamento de pânico, especialmente na fase em que os níveis hormonais são naturalmente mais baixos.

Esses achados, diz Isabelle, são interessantes porque nos ajudam a entender melhor por que as mulheres podem ser mais vulneráveis ao transtorno do pânico, especialmente em algumas fases do ciclo menstrual. Também sugerem que o uso de fluoxetina em doses baixas poderia ser uma estratégia promissora para ajudar a tratar o transtorno do pânico em mulheres, modulando os níveis de alopregnanolona.

O trabalho Avaliação de respostas defensivas associadas ao pânico em ratas: perfil da ativação serotonérgica no núcleo dorsal da rafe e substância cinzenta periaquedutal foi desenvolvido por Matheus Fitipaldi Batistela, no programa de pós-graduação em Farmacologia, orientado pelo professor Helio Zangrossi Junior e defendido em 2023.

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