Curioso por Ciência #23: Estudo revela estratégias de defesa das abelhas sem ferrão

Nas abelhas mais agressivas os genes de defesa estavam mais ativos na cabeça do que no abdome e, nas mais dóceis, era o contrário, o que sugere que os genes de defesa podem estar influenciando em funções no cérebro ligadas ao comportamento

 03/06/2024 - Publicado há 2 meses
Curioso por Ciência - USP
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Curioso por Ciência #23: Estudo revela estratégias de defesa das abelhas sem ferrão
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As abelhas têm importante papel na manutenção e desenvolvimento da biodiversidade, além de contribuírem na produção de alimentos, portanto, preservá-las é essencial para a humanidade. Para preservá-las também é essencial conhecer seu universo.

Assim, o episódio desta semana do Curioso por Ciência, com Isabelle Rodrigues, do Dr. Fisiologia, traz os resultados de uma pesquisa que investiga as estratégias de defesa que as abelhas sem ferrão utilizam para proteger suas colônias de predadores e micro-organismos que podem causar doenças e se espalharem facilmente entre elas.

Para o estudo, os pesquisadores escolheram três espécies de abelhas sem ferrão, em que cada uma delas tem um jeito diferente de se comportar quando se sentem ameaçadas, para entender como essas diferentes estratégias de defesa estavam relacionadas com o sistema imunológico das abelhas.

Primeiro, eles mediram a agressividade de cada espécie. Fizeram um experimento onde colocaram abelhas de cada colônia frente a frente com intrusos de outra espécie. Descobriram que a abelha conhecida como Mandaguari Preta (Scaptotrigona postica) foi a mais agressiva, seguida pela abelha Marmelada (Frieseomelitta varia) e, por último, a Mandaçaia (Melipona quadrifasciata), mais dócil.

Quando os pesquisadores investigaram os genes do sistema imunológico dessas abelhas, eles descobriram que nas abelhas mais agressivas os genes de defesa estavam mais ativos na cabeça do que no abdome. Já nas mais dóceis, era o contrário. Isso sugere que esses genes de defesa podem estar influenciando em funções no cérebro ligadas ao comportamento. Além disso, os cientistas perceberam que a expressão desses genes aumentava com a idade, principalmente na cabeça das abelhas mais velhas.

Segundo Isabelle, os resultados dessa pesquisa podem ajudar a desenvolver melhores estratégias de conservação e manejo dessas abelhas sem ferrão, ajudando a assegurar a sua sobrevivência e, por consequência, a nossa própria segurança alimentar. “Afinal, sem abelhas, teríamos menos frutas, vegetais e outros alimentos.”

O estudo Expressão diferencial de genes relacionados à imunidade em abelhas sem ferrão (Meliponini): a relação entre o estado do sistema imunológico e o comportamento agressivo é o mestrado de Leonardo Campana, defendido no Programa de Pós-Graduação em Genética da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, em 2023, com orientação do professor Klaus Hartmann Hartfelder.

Curioso por Ciência é uma coprodução coprodução entre a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, startup Dr. Fisiologia e Rádio USP Ribeirão Preto e São Paulo. Vai ao ar toda segunda-feira, no Jornal da USP no Ar na Rádio USP em São Paulo, 93,7 MHz, a partir das 7h30, e no Jornal da USP no Ar - Edição Regional na Rádio USP Ribeirão Preto, 107,9 MHz, a partir das 12h. estará disponível na home de Ribeirão Preto do Jornal da USP, basta navegar em ribeirao.usp.br.

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