Como o rap e o hip hop se apropriaram do espaço urbano em SP

Com o objetivo de registrar as memórias do rap e do hip hop, o geógrafo Ricardo do Ó Plácido desenvolveu sua pesquisa de mestrado em que estuda como se deu essa apropriação, marcada por conflitos e contradições

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 06/02/2020 - Publicado há 4 anos
Novos Cientistas - USP
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Como o rap e o hip hop se apropriaram do espaço urbano em SP
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Na entrevista desta quinta-feira (6) em Os Novos Cientistas, o geógrafo Ricardo do Ó Plácido descreveu como conduziu o estudo Territórios negros: cartografias e etnicidades na experiência do rap paulistano (1970-1990). A pesquisa de mestrado teve a orientação do professor Francione Oliveira Carvalho, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FLLCH).

“Houve, sim, uma apropriação. Mas cheia de contradições e conflitos, ora com o espaço público e com pessoas que estavam no controle desses espaços”, contou o geógrafo. Mesmo assim se conseguiu produzir, no final do milênio, o que ele chama de “autêntica cultura de rua”. O estudo de Ricardo Plácido investigou, cronologicamente, movimentos culturais presentes na cidade de São Paulo no período da pós-abolição que, do mesmo modo, criaram formas de resistência e etnicidade mediante políticas públicas.

O geógrafo também buscou compreender, num recorte de cerca de 100 anos, como os afro-paulistanos se organizaram em coletivos, irmandades, cordões de Carnaval, times de futebol e associações que configuram territórios negros, sobretudo próximos da região central. Também destacou no seu estudo a conformação das periferias a partir da segunda metade do século, assim como a efetivação dos bailes blacks espraiados pela metrópole nos anos 1970, que se fez justamente perante esse legado geográfico. “Além as ruas, são nos espaços das equipes de som nos anos 1980 que a cultura hip hop, assim como o gênero rap, começam a ter visibilidade. Não por acaso, as primeiras produções discográficas da música rap foram patrocinadas por equipes de baile, como Chic Show, Zimbabwe, Black Mad, Kaskatas”, contou o pesquisador. Já na década de 1990, foram auxiliados pelo movimento negro através do Instituto da Mulher Negra Geledés, além da influência norte-americana no tocante à questão étnica. “Neste momento, é a temática racial que pauta as letras dos jovens rappers de São Paulo.


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