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O Ambiente é o Meio desta semana conversa com as professoras Mariana Bender e Carine Fogliarini, doutoras em biodiversidade animal, ambas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Neste episódio, as pesquisadoras falam sobre a redução da área de corais em Abrolhos, arquipélago localizado no litoral da Bahia, com base em pesquisas que desenvolveram na região.
Os corais, adianta Mariana, são “animais marinhos” assentados no fundo dos oceanos, que formam colônias. Na costa brasileira a quantidade de espécies de corais é “um pouco menor” comparada ao resto do planeta; são “16 espécies formadoras dos recifes” e muito importantes para a diversidade marinha.
Atualmente, esses corais são “ameaçados por uma diversidade muito grande de impactos, principalmente, impactos antrópicos”, os causados pelos seres humanos. Quando os corais morrem, os esqueletos permanecem servindo como estrutura para novos animais. Os corais “vão crescendo uns sobre os outros; a estrutura viva cresce sobre aquela estrutura que uma vez foi viva e morreu”, restando as grandes estruturas de carbonatos de cálcio que compõem os esqueletos.
Com o objetivo de descobrir como eram os recifes brasileiros no passado, as pesquisadoras visitaram diversos museus, bibliotecas e institutos de pesquisas e encontraram diversos “relatos de naturalistas que passaram pela costa nesses últimos 200 anos”, conta Carine. A partir de uma carta náutica, de 1861, que encontraram, as pesquisadoras estimaram as perdas na extensão espacial dos recifes no arquipélago de Abrolhos. Essa região abriga “uma das maiores diversidades de recifes, tanto de corais quanto de peixes e baleias”, informa a pesquisadora, acrescentando que se configura como o “maior e mais complexo do Atlântico Sul”.
Com a carta, principal achado das pesquisadoras, foram feitas comparações com imagens atuais de satélites que apontam para uma perda geral de 28% da extensão dos recifes, “sendo que as áreas mais próximas da costa apresentaram uma perda de até 49% na extensão espacial”. Todas essas perdas estão “principalmente, ligadas a alguns eventos que ocorreram na região, como a extração de coral, que é um dos principais impactos que a gente conseguiu identificar através da compilação dos relatos dos naturalistas”, afirmam. As pesquisadoras identificaram ainda que a sedimentação costeira também representa “um impacto que vem afetando a região mais recentemente”, além das mudanças climáticas.
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