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O Ambiente é o Meio desta semana conversa com o filósofo João Paulo Lima Barreto, doutor em Antropologia Social e pesquisador do Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (Neai) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam); membro do Painel Científico para a Amazônia (SPA e da Academia Brasileira de Ciência; e fundador do Centro de Medicina Indígena Bahserikowi, em Manaus. Indígena do povo Yepamahsã (Tukano) e autor do livro O mundo em mim: uma teoria indígena e os cuidados sobre o corpo no Alto Rio Negro, Barreto fala das demandas e dos desafios dos povos indígenas da Amazônia.
“Os povos indígenas, em geral, se organizam em associações, em coordenações e outras formas civis para, exatamente, lutar pelos nossos direitos”, inicia o filósofo, fazendo referências aos direitos a uma educação diferenciada, à demarcação de terras indígenas, à saúde diferenciada. E “também para proposições de ações políticas diferenciadas”. Nesse contexto, Barreto cita a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), que é uma instituição que coordena a política indígena a nível da Amazônia brasileira e propõe as “políticas públicas diferenciadas”, tendo um papel “fundamental” para os povos indígenas.
E, ao falar sobre os cuidados para com o indígena durante a pandemia, Barreto afirma que a pandemia não foi novidade para seu povo. “Desde que nós temos contato com os colonizadores, enfrentamos, sistematicamente, essa política que o Estado utiliza como instrumento de dizimação dos povos indígenas. Ou seja, além dessa política de guerra justa que foi promovida em relação aos povos indígenas, também o Estado sempre utilizou esse mecanismo de contaminar os povos para dizimar.”
Na história dos povos indígenas, conta Barreto, essa contaminação ocorreu por meio de “objetos contaminados, alimentos contaminados, inserindo pessoas contaminadas dentro das sociedades indígenas”. Por outro lado, continua, o que salvou esses povos foi a expertise da “medicina indígena”. O filósofo fala também das diferenças entre os povos que habitam as cidades e seus entornos e os povos que estão distantes das cidades. Nesse sentido, a ocorrência de óbitos entre indígenas foi maior naqueles grupos que vivem nas cidades e no seu entorno e “não entre os povos que habitam em seus territórios longínquos, onde poderia ser maior a dizimação, porque não têm estrutura”.
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