O Ambiente é o Meio desta semana traz entrevista com o ambientalista e documentarista Dener Giovanini, que fala sobre a organização do tráfico de animais silvestres e as dificuldades em combatê-lo. Jornalista de formação, ele é membro da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), que promove campanhas de monitoramento e conscientização contra esse crime ambiental.
Para Giovanini, o tráfico de animais silvestres é uma questão complexa e difícil de dimensionar, que envolve violência e também questões econômicas. Ainda assim, segundo Giovanini, estudos estimam ser a terceira maior atividade ilegal do mundo, movimentando recursos, anualmente, comparáveis ao tráfico de armas e de drogas.
No Brasil, cerca de 38 milhões de animais são retirados da natureza todo ano, com apenas um em cada dez chegando ao consumidor final. “Nove acabam morrendo ou durante o processo de captura ou durante o transporte”, afirma.
Diversas espécies são capturadas para atender à demanda do mercado ilegal, incluindo aves ornamentais e de canto, répteis, insetos e animais de estimação exóticos. De acordo com Giovanini, o tráfico é uma cadeia que envolve diferentes atores, desde coletores nas áreas de ocorrência de fauna até distribuidores e entregadores nas grandes cidades. “Internacionalmente, grupos organizados são responsáveis por retirar animais do Brasil para atender à demanda global.”
Por isso, conta o ambientalista, os maiores desafios enfrentados pela Renctas incluem a necessidade de educação e conscientização ambiental para reduzir a demanda por animais silvestres. “Enquanto houver demanda, vai haver a procura e alguém que esteja disposto a capturar o animal e colocá-lo no mercado ilegal.”
De acordo com Giovanini, a legislação ambiental brasileira é considerada boa, mas a punição para o crime de tráfico de animais silvestres é limitada, especialmente devido à classificação como crime de menor poder ofensivo. “As punições administrativas, como multas, muitas vezes não têm impacto significativo na vida dos traficantes, tornando o negócio altamente lucrativo para quem participa dele.”
Ao finalizar, o ambientalista ressalta “a importância de educar as próximas gerações para uma nova consciência ambiental, e enfatiza que é essencial focar na conscientização das crianças e jovens”.
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