O Ambiente é o Meio desta semana entrevista Luciana Vanni Gatti, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e especialista em mudanças climáticas e o papel da Amazônia na emissão e absorção de gases do efeito estufa. Há 20 anos estudando o balanço de emissão e absorção de carbono pela Amazônia, Luciana conta que, no início das pesquisas, era esperado que o levantamento corroborasse a ideia de que a floresta representa 20% de toda absorção de gás carbônico no continente. Porém, afirma, no primeiro estudo, desenvolvido entre 2004 e 2009, observou-se que determinadas regiões emitem mais gases do que são capazes de absorver.
A partir de uma segunda pesquisa, durante a década de 2010, continua a pesquisadora, concluiu-se que a condição climática, como períodos de seca e chuvosos, influencia no equilíbrio da emissão e absorção de carbono pela floresta. O novo estudo também confirmou que existe uma correlação entre o desmatamento desenfreado em algumas regiões e a emissão maior de carbono. O desmatamento, informa, altera o ciclo de chuvas na Amazônia e causa impactos além da emissão de carbono, como no aumento da temperatura. Com a diminuição da evaporação de água, ou evapotranspiração, diminui-se também o refrescamento do ambiente.
Luciana informa também que um levantamento efetuado entre 2019 e 2020 demonstrou que as políticas ambientais do governo de Jair Bolsonaro e Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente, foram insuficientes na preservação da Amazônia e, com aumento de 90% no desmatamento da floresta, as emissões de carbono cresceram em 122%. Ao mesmo tempo, a exportação de madeira bruta, área de plantio e criação de gado também aumentaram.
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