Biomaterial obtido de casulo do bicho-da-seda ajuda a fortalecer enxertos ósseos

Material já vem sendo testado em ratos com sucesso. Segundo a engenheira de materiais Daniela Viera, o novo produto também poderá ser aproveitado em outras aplicações médicas, como em reparos de cartilagens e pele, desde que sejam realizadas alterações em sua parte física, buscando viscosidade e formato adequados

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 25/06/2020 - Publicado há 4 anos
Novos Cientistas - USP
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Biomaterial obtido de casulo do bicho-da-seda ajuda a fortalecer enxertos ósseos
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A engenheira de materiais Daniela Vieira foi a convidada desta quinta-feira (24) do podcast Os Novos Cientistas, onde falou sobre sua pesquisa de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Bioengenharia da USP. Sob a orientação do professor Sérgio Yoshika, do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP, Daniela desenvolveu um biomaterial para enxerto ósseo com menor custo, mais resistente, biodegradável e biocompatível. Um dos componentes desse material é a fibroína, que é encontrada no casulo do bicho-da-seda. O Programa de Pós-Graduação em Bioengenharia da USP é oferecido em conjunto pelo IQSC, Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) e Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP).

O material proposto pelos cientistas combina hidroxiapatita (fosfato de cálcio) com a fibroína, proteína encontrada no casulo do bicho-da-seda. A mistura possui características químicas e estruturais próximas às dos ossos trabeculares, que são encontrados no interior dos ossos longos e representam cerca de 20% do esqueleto humano.
“Temos certeza de que o custo de produção será menor, ainda mais pela matéria-prima que utilizamos, a fibroína de seda é superacessível”, descreveu Daniela. “Nosso método pode reduzir em até 25% o custo de produção do biomaterial.”

Os testes iniciais realizados com células de hamster na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), em Pirassununga, mostraram que a combinação é promissora. “Nós concluímos que o material não é tóxico, então ele pode estar em contato com humanos e animais. Também constatamos sua habilidade de formar apatita (o principal mineral dos ossos), que permite que ele seja incorporado ao osso danificado, favorecendo o crescimento de um novo tecido ao redor e entre os poros do material”, afirmou Daniela.


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