Em sessão realizada em 26 de agosto, o Conselho Universitário aprovou a vinculação do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC), mais conhecido como Centrinho, à Secretaria Estadual de Saúde. A proposta, agora, será apresentada formalmente pelos dirigentes da Universidade e do Hospital aos órgãos governamentais.
“Assim como o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, o Hospital das Clínicas de São Paulo e o Hospital das Clínicas de Botucatu, trata-se de vincular o hospital ao sistema de saúde do Estado, através da Secretaria de Saúde. Em todos esses exemplos, a orientação acadêmica quanto ao funcionamento do hospital é mantida pela Universidade”, destacou o reitor Marco Antonio Zago, enfatizando que o quadro de servidores continuará ligado à USP.
O Centrinho, localizado na cidade de Bauru, reabilita portadores de fissuras labiopalatais e malformações craniofaciais, desde que congênitas, além de oferecer tratamento completo na área da audição e da visão subnormal. “Não há outra saída para o HRAC senão dar um voto de confiança para esta gestão para manter a excelência nos serviços do Centrinho”, declarou a diretora da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) e presidente do Conselho Deliberativo do Hospital, Maria Aparecida de Andrade Moreira Machado, durante a sessão.
A discussão sobre a vinculação do Hospital Universitário (HU), que também fazia parte da pauta, foi adiada para que seja formada uma comissão para estudar a questão, no prazo de trinta dias. “Percebi que os estudantes de Medicina e Enfermagem, principalmente, tinham dúvidas e eu não gostaria que os estudantes fossem decepcionados ou sentissem que, de alguma forma, houvesse ameaças quanto ao ensino de graduação. Tenho certeza de que eles têm direito de acompanhar o processo, participar dele e, só quando se sentirem seguros, isso será levado para votação”, explicou Zago.
Também será formada uma segunda comissão para acompanhar as negociações e as decisões envolvendo o Centrinho.
Em relação ao programa de incentivo à demissão voluntária (PIDV), que também seria discutido, a pauta foi transferida para a próxima reunião do Conselho Universitário, programada para o dia 2 de setembro. Nessa sessão, também será debatida a questão do reajuste salarial dos servidores e a composição das comissões.
Reequilíbrio financeiro
A vinculação dos hospitais universitários ao gestor estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) e o PIDV fazem parte de um conjunto de medidas visando ao reequilíbrio financeiro da Universidade, que, atualmente, compromete cerca de 105% de seu orçamento com folha de pagamento. De janeiro a junho, a USP gastou R$ 2,27 bilhões com salários, benefícios, provisão de 13º e férias a seu quadro de servidores docentes e técnico-administrativos, registrando crescimento da ordem de 6,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo o reitor, a identificação, no início da gestão, da grave situação financeira da Universidade levou à adoção de medidas de emergência, como a paralisação de obras e de novas contratações, bem como a impossibilidade de reajustes salariais. Para ele, as três propostas apresentadas têm potencial para mudar a execução orçamentária da Universidade. “As medidas demandadas devem ser factíveis e realistas, com impacto no orçamento”, considerou. No caso dos hospitais, a falta de investimentos para a contratação de recursos humanos e ampliação de infraestrutura poderia levar as instituições a um quadro crítico de administração e atendimento.