No Dia das Mulheres, universidades debatem as questões de gênero nas instituições

O encontro reuniu dirigentes das universidades públicas do Estado de São Paulo e pesquisadores do Centro Observatório das Instituições da USP

 08/03/2024 - Publicado há 2 meses     Atualizado: 12/03/2024 as 19:20
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O evento As Mulheres e as Instituições foi promovido pela Vice-Reitoria da USP e pelo Centro Observatório das Instituições – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

“O Dia das Mulheres é um dia para celebrar as conquistas, mas também é um dia para refletir sobre o que ainda precisa ser feito. A falta de mulheres em posições de liderança, por exemplo, é um dos desafios que ainda precisamos enfrentar”, afirmou o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior na abertura do evento As Mulheres e as Instituições, que aconteceu na manhã desta sexta-feira, dia 8 de março.

O reitor também defendeu que as boas experiências precisam ser compartilhadas entre as universidades do Estado de São Paulo e que a discussão em conjunto ajuda a trazer novas soluções. Segundo ele, “as universidades são importantes atores para as mudanças sociais. A sociedade conta com as universidades para resolver seus problemas”.

Com o tema Enfrentamento da desigualdade de gênero nas carreiras científicas e no Sistema de Justiça do Brasil, o encontro foi organizado pela Vice-Reitoria da USP e pelo Centro Observatório das Instituições (COI), presidido pelo ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. O COI é um centro de pesquisa criado pela USP que analisa e propõe o aperfeiçoamento e o desenvolvimento das instituições brasileiras, nas suas diversas modalidades.

“Quando apresentamos as pesquisas em relação a gênero nas universidades, a questão da desigualdade permeia o conjunto. É nesse cenário que este evento tanto lança luz na condição de gênero em instituições centrais da nossa sociedade – o sistema de Justiça e as universidades – quanto celebra o Dia das Mulheres, buscando nos aproximar de um retrato da nossa própria condição”, afirma a vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda.

Maria Arminda também chamou a atenção para o número crescente de feminicídios no Brasil. “No momento em que os direitos das mulheres tendem a crescer, crescem também as formas de violência. Essa é uma constatação que demanda pesquisa para sabermos que questões estão por trás desse fato”, disse.

Durante o evento, um acordo foi assinado com representantes das universidades do Estado de São Paulo, formalizando o Grupo de Trabalho de harmonização de dados entre as universidades públicas – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

O encontro também contou com a participação da reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Raiane Patrícia Severino Assumpção; da coordenadora-geral da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Maria Luiza Moretti; da pró-reitora de Assuntos Comunitários e Políticas Afirmativas da Universidade Federal do ABC (UFABC), Cláudia Regina Vieira; e da coordenadora do Grupo de Trabalho de Gênero do COI, Ana Elisa Bechara.

No primeiro painel do dia, a coordenadora do Escritório de Gestão de Indicadores de Desempenho Acadêmico (Egida) da USP, Fátima Nunes, apresentou o projeto Harmonização de Dados de Gênero nas Universidades Públicas de São Paulo, realizado em parceria com representantes técnicos das universidades para desenvolver indicadores comuns sobre questões de gênero nessas instituições.

Mulheres e Homens da USP

Em seguida, o pesquisador do COI, Rodrigo Correia do Amaral, apresentou o resultado do estudo Mulheres e Homens da USP, que analisou a divisão sexual da formação superior e das carreiras científicas na USP entre os anos de 2000 e 2022.

A pesquisa aponta uma maior concentração feminina nos cursos das áreas biológicas, especialmente em profissões associadas ao cuidado, como a Enfermagem. Em compensação, nas áreas das Exatas a predominância é masculina, principalmente nos cursos STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, na sigla em inglês).

Um outro aspecto do estudo que chama a atenção é que o cenário mais desigual, em termos de gênero, é o dos docentes. Na média histórica, as docentes do sexo feminino representaram 24,8% do total de professores. Nem mesmo na área de Ciências da Vida as docentes são a maioria, e representam apenas 35,6% dos docentes.

Encerrando a programação, a juíza federal, assessora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pesquisadora associada do COI, Helena Refosco, falou sobre as mulheres e o Sistema de Justiça do Brasil e sobre o que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) está fazendo pela igualdade de gênero.

Assista, a seguir, à íntegra do evento As Mulheres e as Instituições.


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