Congresso de jornalismo discute financiamento das universidades

Reitor da USP debateu o assunto com representante do MEC, reitora da UFRJ e presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos

 20/08/2019 - Publicado há 5 anos
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(Da esq. p/ dir.) Flávia Calé, Arnaldo Barbosa de Lima Junior, Mônica Weinberg, Denise Pires de Carvalho e Vahan Agopyan – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

No dia 19 de agosto, o reitor da USP, Vahan Agopyan, participou de um debate no Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, promovido pela Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca), no Colégio Rio Branco, em São Paulo. O evento, que está em sua terceira edição, reuniu cerca de 200 jornalistas, profissionais da área de comunicação, estudantes e professores de jornalismo que trabalham com o tema.

Além do reitor, a mesa-redonda teve como debatedores o secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação (MEC), Arnaldo Barbosa de Lima Júnior; a reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Denise Pires de Carvalho; e a presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Flávia Calé. A mediação foi da editora-executiva e chefe da sucursal da revista Veja no Rio de Janeiro, Mônica Weinberg.

As discussões giraram em torno da proposta do MEC para modificar a matriz orçamentária das universidades federais, vinculando repasses de recursos a indicadores de produtividade, divulgada pelo jornal O Estado de S.Paulo, em matéria publicada no próprio dia 19. “A distribuição de recursos para as instituições federais de ensino superior deve considerar critérios como empregabilidade e governança. Essa é uma maneira de prestar contas à sociedade pelo benefício que recebem”, afirmou o secretário. Segundo Lima Júnior, a proposta se alinha ao programa Future-se, anunciado pelo Ministério em julho e que tem como objetivo gerar fontes alternativas de financiamento para essas universidades.

A reitora da UFRJ criticou a proposta por seu atrelamento a números. “O ranqueamento de universidades varia muito, a depender do que se está avaliando. Números são complicados”, disse Denise, que afirmou que sua principal preocupação é retenção dos alunos da instituição. “Temos que ser responsáveis com o uso dos recursos púbicos. Há uma crise na UFRJ, e essa crise é orçamentária e não acadêmica. Temos uma universidade pujante.” A instituição foi uma das mais atingidas pelo contingenciamento de recursos anunciado pelo MEC em maio deste ano.

A reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, e o reitor da USP, Vahan Agopyan – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Autonomia

A importância da autonomia universitária também foi debatida no evento. Agopyan ressaltou que o modelo paulista de financiamento, no qual as universidades públicas de São Paulo – USP, Unesp e Unicamp – recebem uma parcela do ICMS repassado pelo governo, é “vencedor”. “Dependemos do ICMS, que é flutuante, mas mesmo assim as três instituições se destacam no País. As três são plenamente autônomas”, disse o reitor. No último dia 15, USP, Unesp e Unicamp comemoraram os 30 anos de sua autonomia em evento realizado na capital paulista.

Para Flávia Calé, o Future-se fere a autonomia universitária. “Não consigo enxergar uma universidade que está sem pagar luz, sem limpeza e sem saber como vai encerrar o ano sendo alvo de interesse do setor privado. As universidades têm papel indutor do desenvolvimento e da redução das desigualdades do País”, considerou.

Segundo Agopyan, o governo federal é um “parceiro importante”, especialmente no que diz respeito ao fomento à pesquisa científica. “É preciso entender que a pesquisa não é somente o professor, mas sim a equipe dele. Se não apoiarmos com bolsas os pós-graduandos, voltaremos ao passado, quando as bolsas iam para quatro ou cinco universidades e os estudantes tinham que se dedicar em tempo parcial ou realizar pesquisas de menor fôlego”, relatou.

Quando perguntado sobre os rankings internacionais, o reitor foi enfático: “nosso objetivo é oferecer a melhor Universidade que a sociedade brasileira necessita e não atender a classificações internacionais. Respeito muito os rankings. Na minha gestão, por exemplo, criamos o Escritório de Gestão de Indicadores de Desempenho Acadêmico, porque acho que as avaliações externas são importantes, mas não posso gerir uma universidade pensando exclusivamente em atingir pontuações. Temos cinco universidades entre as 1% melhores do mundo. Temos que ficar orgulhosos”.

Assista, a seguir, à integra do evento, em vídeo produzido e divulgado pela Jeduca.


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