Ao nos aproximamos do segundo turno de eleições decisivas para a história do estado, nossas três universidades vêm a público para solicitar que os dois candidatos ao governo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT), estabeleçam, com elas, compromisso para sua defesa, manutenção e apoio. A grandeza alcançada ao longo de décadas deve ser mantida e ampliada.
Os investimentos em ensino, pesquisa e ciência asseguraram, ao nosso estado e ao Brasil, soluções de enorme envergadura em diversas áreas, da agricultura à engenharia, da arquitetura ao direito. Quando pensamos em saúde, por exemplo, a universidade pública e os organismos associados, como o Instituto Butantan, asseguram padrões de excelência em atendimento e inovação. É inegável a importância de nossos hospitais como centros de pesquisa e de tratamento avançado.
Nossa atividade acadêmica é reconhecida internacionalmente. Formamos, anualmente, 16.600 estudantes de graduação e 12.500 de pós-graduação. Temos papel preponderante na formação de centros de pesquisa e de pós-graduação e da intelectualidade brasileira.
Geramos riquezas através de nossas pesquisas, a maioria com apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Dos US$ 10 bilhões investidos em startups no Brasil nos últimos dez anos, mais de US$ 5 bilhões apoiaram empreendimentos de egressos das universidades estaduais paulistas. Temos colaborado fortemente com o crescimento econômico de São Paulo, tendo como exemplo a parceria científica para aumentar, com responsabilidade ambiental, a produção agrícola nacional.
Portanto, como os candidatos ao governo valorizam projetos que melhoram a vida da população, devem deixar claro que valorizam também a USP, a Unesp e a Unicamp. Assim, propomos a eles dois compromissos.
Em primeiro lugar, com o financiamento das nossas três instituições, com base nos procedimentos adotados com sucesso desde 1989. Nossos orçamentos provêm de parcela fixa do ICMS (9,57%). Temos autonomia acadêmica e financeira, que tem relação direta com nossa posição de destaque em rankings internacionais. Se houver reforma tributária no país, fórmula semelhante deveria ser adotada.
O segundo é o compromisso com a autonomia da gestão universitária. As universidades precisam de liberdade acadêmica para prosperar. Mais do que um método eficiente, a autonomia se impõe como pressuposto racional para a geração de conhecimento.
Devemos aprimorar nossas atividades nos próximos anos e, para isto, a interação com o governo estadual é fundamental. Precisamos construir, em conjunto, políticas públicas de qualidade, ampliando o empreendedorismo e a inovação com empresas e o setor público e colaborando no planejamento do desenvolvimento sustentável do estado.
Os governos democráticos se distinguem pelo respeito que dedicam ao pensamento crítico, às artes e à pesquisa científica para benefício da alegria e da inventividade de sua gente. Nossas universidades conquistaram esse respeito. São espaços cada vez mais plurais e acolhedores, que constroem a justiça social, combatem o racismo, reduzem a desigualdade e fomentam a paz. São antídotos contra a violência e o preconceito e fazem jus aos compromissos sugeridos para os candidatos ao cargo de governador de São Paulo.
Sem a USP, a Unesp e a Unicamp, São Paulo não seria o que é hoje. Sem o apoio às três, nosso futuro seria mais sombrio que nosso presente. Conclamamos o futuro governante para que interaja com as universidades com sabedoria, diálogo e espírito público. O estado de São Paulo sabe que pode contar conosco.
(Texto originalmente publicado na editoria Tendências / Debates, do jornal Folha de S. Paulo, em 11/10/22)