USP estuda iniciativas para aumentar a inclusão na pós-graduação
Um Grupo de Trabalho foi criado pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação para avaliar propostas de políticas de inclusão e permanência dos alunos
Acompanhando o direcionamento cada vez mais presente na sociedade, no sentido de ampliar a inclusão e a diversidade, a Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PRPG) criou um grupo de trabalho para desenvolver propostas de políticas afirmativas e de inclusão na pós-graduação da USP.
O grupo, composto por 13 pessoas de perfis diferentes e com experiência em ações de inclusão e pertencimento, analisará as iniciativas já existentes na Universidade e elaborará uma proposta de políticas afirmativas para a pós-graduação, considerando não só a questão racial, mas a diversidade em seus termos mais abrangentes.
“A inclusão é uma tendência não só na USP, mas em todas as universidades. Por isso, a discussão sobre a adoção de políticas de acesso e permanência é necessária para sensibilizar a comunidade e construir um consenso”, afirmou o pró-reitor de Pós-Graduação, Marcio de Castro Silva Filho.
A ideia é que o grupo defina as diretrizes mais abrangentes de inclusão e que os programas de pós-graduação tenham autonomia para determinar os critérios mais apropriados para cada curso.
“Diferentemente do vestibular para os cursos de Graduação, as formas de ingresso na Pós-Graduação são muito variadas. A USP possui cerca de 260 programas de pós-graduação, alguns utilizam exames nacionais de seleção, outros aceitam exames internacionais, entrevistas ou aplicação de provas. A seleção pode ser semestral, anual, bianual ou até de fluxo contínuo. Por isso, é muito difícil estabelecer regras unificadas. Nós respeitamos a autonomia dos programas, o que queremos é mobilizar as comissões de pós-graduação para que a inclusão seja uma meta a ser alcançada por todos”, explicou o pró-reitor.
A iniciativa é uma ação conjunta da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento.
Márcio de Castro Silva Filho - Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Uma pós-graduação cada vez mais inclusiva
Mesmo antes da criação de uma política geral, alguns programas de pós-graduação já adotaram cotas, como os da Faculdade de Direito (FD), da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), da Faculdade de Educação (FE) e da Faculdade de Medicina (FM), por exemplo.
Um levantamento realizado em 2020 pela PRPG encontrou 15 programas de pós-graduação que já adotavam algum tipo de ação afirmativa no processo de seleção, como reserva de vagas ou vagas adicionais para PPI, refugiados, deficientes ou transgêneros, isenção de taxa de inscrição no processo seletivo e extensão de prazo de provas para candidatas lactantes.
No processo seletivo aberto em agosto, a Escola de Comunicações e Artes (ECA) também adotou a reserva de vagas em três de seus programas de pós-graduação. O programa de Artes Cênicas terá 50% das vagas reservadas para ações afirmativas; já os programas de Artes Visuais e de Ciências da Comunicação terão cotas de 30% e 35%, respectivamente, para candidatos PPI.
Além dos programas das Unidades, a própria Pró-Reitoria também deve começar a adotar medidas de inclusão em seus editais para distribuição de bolsas.
Permanência
A questão da permanência estudantil também é outro aspecto importante que deve ser abordado pelo grupo de trabalho.
Atualmente, a Pró-Reitoria investe cerca de R$ 16 milhões por ano em bolsas do Programa de Aperfeiçoamento de Ensino (PAE) e do Programa Mães Pesquisadoras. Os pós-graduandos também contam com 378 vagas no Conjunto Residencial da USP (Crusp). Mas essas iniciativas não são suficientes para suprir toda a demanda e, por isso, um programa de permanência específico para estudantes da pós-graduação está sendo elaborado e deve ser apresentado até o final do ano.
“Uma das maiores tragédias do Brasil é a quantidade de talentos não desenvolvidos e que são perdidos pela falta de oportunidades. A permanência é uma grande preocupação da atual gestão, tanto que levou à criação da nova Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento, em maio deste ano”, afirmou Silva Filho.
Outras iniciativas voltadas para permanência já adotadas pela Universidade incluem a criação de cursos de nivelamento em disciplinas básicas e de introdução; treinamento para o exame de qualificação; priorização de bolsas para mulheres, transgêneros e deficientes; programa de acompanhamento de alunos economicamente vulneráveis; diferenciação no sistema de pontuação para concessão de bolsas, conforme critérios étnicos e econômicos; grupo de apoio psicopedagógico; e tradutores de libras.
O pró-reitor reforça que, “apesar da importância de todas essas iniciativas, é essencial para a permanência estudantil que as agências de fomento façam a recomposição do valor das bolsas oferecidas, especialmente a Capes. Temos que mudar a política de financiamento da pós-graduação no Brasil para estimular nossos pesquisadores e evitar a fuga de cérebros que ameaça o futuro do País”.
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