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Comunidade do Campus da USP, em Piracicaba, busca caminhos para incentivar e promover a diversidade e a inclusão
Além de dois coletivos formados por estudantes, a centenária Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, instalou recentemente a Comissão de Inclusão e Pertencimento (CIP) e tem, desde o ano passado, a primeira mulher no cargo de diretora da unidade
Texto: Antonio Carlos Quinto
Arte: Jornal da USP
Aos 123 anos de existência, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, conta com iniciativas recentes em diversidade e inclusão – Fotomontagem de Jornal da USP com imagens de Marcos Santos/USP Imagens e pikisuperstar/Freepik
Na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, os esforços para se estabelecer ações de diversidade e inclusão podem ser considerados recentes. A unidade é uma das fundadoras da Universidade e, desde o ano passado, vem mostrando um novo direcionamento para incentivar a diversidade e a inclusão.
Com seus 123 anos de existência, a Escola tem, pela primeira vez, uma mulher na sua direção. A professora Thais Maria Ferreira de Souza Vieira assumiu o cargo de diretora em janeiro de 2023, com mandato até janeiro de 2027. Além disso, em dezembro do ano passado tiveram início as atividades da Comissão de Inclusão e Pertencimento (CIP), instituída em setembro do mesmo ano por orientação da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP). A CIP é presidida pela professora Heliani Berlato dos Santos.
As professoras Thais Maria e Heliani Berlato mostram disposição para apoiar as duas únicas iniciativas de estudantes da escola que buscam se organizar em prol da diversidade e inclusão: os Coletivos Baobás e Integra. Mas houve na Esalq um grupo feminista, o Coletivo Feminista Raiz Fulô que atualmente está inativo.
Trabalho de mediação
Além de total apoio aos dois Coletivos da Esalq, a CIP vem atuando, desde a sua instituição, num trabalho de mediação. “Nestes primeiros momentos estamos filtrando as diversas demandas que recebemos, mas o trabalho inicial também envolve o levantamento do perfil dos ingressantes, principalmente os que têm necessidades específicas”, descreve a professora Heliani Berlato, destacando ainda que “há muita procura para se falar de questões como assédio, discriminação e homofobia”.
A professora, que é do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq, conta que em seus 11 anos na escola sempre atuou nessas questões. “Tivemos aqui o programa Inclua, que prestava assistência aos grupos minoritários da Esalq. Considero que a CIP surge bem mais fortalecida em relação ao Inclua, pois tem mais autonomia para dialogar com os órgãos de todas as instâncias da escola e para encaminhar decisões”, destaca.
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Cláudia Ferreira dos Santos Nogueira é funcionária administrativa da Esalq e atua como representante do setor técnico administrativo e secretária da CIP. Além dela, o grupo é formado por cinco docentes titulares, um representante discente e um representante da Diretoria de Atendimento da Prefeitura do Campus Luiz de Queiroz. Como informa Cláudia, a CIP também é responsável pela Comissão de Heteroidentificação da Esalq.
“Em março deste ano, o grupo foi constituído e composto por três titulares e três suplentes, sendo estes docentes e servidores técnico-administrativos. Como característica, são pessoas de diversas raças para que não existam influências”, explica. Segundo Cláudia, por orientação da PRIP USP, há ainda uma comissão recursal composta por três titulares e três suplentes. “A comissão já atuou em três oportunidades”, lembra a secretária. A professora Heliani ressalta que há menos de um mês a equipe também conta com uma psicóloga e uma assistente social, ambas da PRIP.
Ações educativas
Ela conta que, desde o início das atividades da CIP, os casos que chegaram à comissão foram de estudantes com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtorno do Espectro Autista (TEA), casos de assédio, discriminação, homofobia e constrangimentos, e bullying. “Temos ouvido denúncias e relatos e temos participado os docentes. Aliás, boa parte deles tem buscado informações para melhor lidar com tais situações”, constata a docente.
Para tanto, a CIP está se organizando para levar à comunidade da Esalq ações educativas. “Consideramos que sejam prioritárias. E para isso, estamos programando cursos de letramento em todas as esferas que constituem a diversidade e a inclusão. Deveremos ministrar um primeiro curso para toda a comunidade já neste segundo semestre”, anuncia Heliani.
A docente destaca que ainda há na Esalq resistências no perfil docente, e até mesmo em alguns discentes, para entender que os grupos minoritários devem ser aceitos.
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“Posso dizer que há uma resistência geracional. Afinal, trata-se de uma escola centenária e seu corpo docente é composto, predominantemente, de homens brancos”
Heliani Berlato