O Grupo de Estudos Ignacio Martín-Baró e América Latina, do Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina (Prolam), junto ao Instituto de Psicologia (IP) da USP, vai promover o 5º Seminário Ignacio Martín-Baró e a América Latina, nos dias 28/11, 5/12 e 12/12, das 19 horas às 20h45. O evento contará com palestras de especialistas centralizadas no tema: Saberes africanos, saberes indígenas e Psicologia da Libertação: diálogos anticoloniais.
“O evento expressa a importância de inserir na discussão latino-americana a sabedoria e a realidade de exclusão dos povos originários e tradicionais, bem como chamar a atenção para a questão racial, buscando pensar como enfrentar as diversas formas de racismo, de submissão e de colonização a que estamos submetidos na sociedade ainda nos dias de hoje”, afirma Marilene Proença, coordenadora do projeto. O evento será gratuito e transmitido por meio do Youtube do Grupo Baró Prolam. É necessário se inscrever pelo link para participar.
O seminário dialoga com a obra do psicólogo Ignacio Martín-Baró, um dos pensadores mais importantes da psicologia latino-americana, que analisa, desde os anos 1960, as condições sociais, políticas, culturais e subjetivas que constituem os processos de desigualdade e de colonização na América Latina. “A Psicologia da Libertação de que nos fala Baró, bem como as propostas anticoloniais com as quais seu pensamento se articula, são importantes referenciais para enfrentar as desigualdades sociais, os preconceitos e construir novas formas de viver”, explica Marilene.
A programação terá palestras diversificadas em cada dia do evento. Os palestrantes são pesquisadores e militantes de movimentos sociais referentes às temáticas indígena e africana, bem como estudiosos da Psicologia da Libertação e sua articulação com o pensamento anticolonial. “O critério de escolha dos participantes foi que eles pudessem expressar a proposta apresentada pela obra de Baró, que nos fala da necessidade da construção de conhecimento científico articulado com a transformação da sociedade”, conta a coordenadora do evento.
Dia 28 de novembro, a temática central será Saberes africanos: diálogos anticoloniais. Ronilda Ribeiro, pesquisadora em Psicologia e em Antropologia da África Negra da USP, discutirá o tema Por uma educação emancipadora inspirada na sabedoria tradicional iorubá e na psicologia da libertação, de Ignácio Martín-Baró. No mesmo dia, Rosinalda Correia, pesquisadora em História da África pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Goiás, tratará do tema Decolonialidade e mulheres negras: do afrocatolicismo aos feminismos de terreiro. O encontro com as pesquisadoras terá mediação de Alayde Maria Digiovanni, pesquisadora em Integração da América Latina pela USP.
No segundo dia, 5 de dezembro, o tema será Saberes Indígenas: diálogos anticoloniais. O convidado Danilo Silva, pesquisador do Departamento de Psicologia Experimental do IP, abordará o assunto Fundamentos e práticas de psicologia indígena. Nesse encontro, também falará Carlos José Ferreira dos Santos (Casé Angatu), professor e pesquisador em Ensino e Relações Étnico-Raciais da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), sobre Tupyxuara Moingobé Ñerena – Espírito Originário que re-existe e resiste. O encontro terá mediação de Álvaro Pino Coviello, mestre em Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Cagliari (Unica).
Por fim, no último dia do evento, 12 de dezembro, haverá o debate sobre Psicologia da Libertação: diálogos anticoloniais. O convidado Pedro Henrique Antunes, professor do Departamento de Psicologia Clínica da Universidade de Brasília (UnB), falará sobre Diálogos entre a psiquiatria anticolonial de Frantz Fanon e a psicologia da libertação de Martín-Baró. Além disso, José Fernando Andrade Costa, doutor em Psicologia Social do IP, vai tratar de Enfrentando a colonialidade da política institucional brasileira: o caso dos primeiros mandatos coletivos. O evento terá mediação de Marilene Proença, pesquisadora em Psicologia da USP.
“Como professores, pesquisadores, estudantes e servidores públicos, precisamos, cada vez mais, compreender o que nos constitui social e culturalmente e buscar formas de superar os processos colonizadores que desvalorizam a sabedoria ancestral e dos povos originários, levando essa reflexão para a sociedade, questionando a naturalização de práticas de exclusão, de extermínio e de violência social”, observa a coordenadora do seminário.
Mais informações: grupobaroprolam@gmail.com ou @gemartinbaro.usp