Da esquerda para direita, as professoras da USP Diana Luz Pessoa de Barros, Gabrielle Weber Martins, a doutoranda Chirley Pankará e professora Eunice Prudente - Fotomontagem com fotos Sites USP, FFLCH, Arquivo Pessoal e Wikipedia

Aliadas, mulheres da USP ressignificam participação feminina nos campi

No Dia Internacional da Mulher, o Jornal da USP apresenta o trabalho conjunto entre órgãos institucionais e coletivos que auxiliam docentes, estudantes e funcionárias na luta por equidade de gênero na Universidade

 08/03/2023 - Publicado há 1 ano

Texto: Danilo Queiroz
Arte: Carolina Borin Garcia

As mulheres participam ativamente da comunidade USP mais do que se imagina. Neste dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a participação feminina vem ser celebrada nos mais diversos campi da Universidade.

Aliadas diariamente contra o machismo, docentes, estudantes e funcionárias se reúnem, seja em coletivos ou em órgãos institucionais, a fim de levar não só debates, mas ações que visem a construir um espaço mais plural, acolhedor e participativo às mulheres.

Em instância máxima, essas ações são criadas por meio de políticas na Universidade a partir da diretoria de Gênero, Relações Étnico-Raciais e Diversidades, da Pró Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP), como conta Ana Elisa Bechara, atual diretora da divisão. “Meu papel, em primeiro lugar, é ser muito mais ouvidos do que boca. Então, preciso muito mais querer aprender do que ensinar”, reforça Ana Elisa, uma dentre as quatro professoras titulares de Direito Penal da Faculdade de Direito (FD), espaço onde estudou desde a graduação.

Foi lá que reconheceu o quanto as desigualdades de gênero estavam presentes em sua vida de forma naturalizada. Presentes, inclusive, até nas relações matriarcais contraditórias de sua família. Neta de uma mulher analfabeta funcional e que teve como destino somente os afazeres do lar, espaço em que mal podia abrir a boca para decidir algo, devido à condição de gênero. E filha de uma das primeiras empresárias brasileiras, a professora conta que foram estudantes que a ensinaram a enxergar os abusos de poder masculino instituídos e reproduzidos culturalmente, sobretudo em um local que deveria ensinar a estabelecer justiça: nas Arcadas da FD.

“O Direito é um território de poder. A faculdade toda é um território masculino. Os quadros são todos de homens, as histórias, as narrativas, é tudo masculino. Lembro até de um professor que, na época, toda vez que eu levantava a mão, falava assim: ‘Você tem uma dúvida? Pensa mais um pouco porque você é mulher’. Tomei consciência dessas violências por conta da provocação dos estudantes. Nessa união, a gente sempre retorna a ser aluna.”

Ana Elisa Bechara - Foito/ Reprodução FD

Somos muitas

Além daquelas figuras, ela menciona a professora Maria Arminda do Nascimento Arruda, atual vice-reitora da USP, como uma de suas referências enquanto liderança feminina. Maria Arminda foi responsável por coordenar o primeiro órgão institucional da USP voltado ao público feminino, o Escritório USP Mulheres. Em parceria com a ONU Mulheres, o escritório reuniu esforços mundiais em defesa de direitos humanos voltados às questões de gênero.

Maria Arminda - Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Sendo a segunda mulher a receber a titularidade na disciplina de História da Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, a socióloga conta que os debates de gênero sempre estiveram na Universidade, embora tenha sido tardia a institucionalização por meio do Escritório, em 2015. “O movimento de gênero já existia entre professoras, estudantes e funcionárias. O Escritório é também um resultado desse movimento, que virou uma pauta mundial”, conta a vice-reitora ao Jornal da USP

Outro programa de equidade de gênero aliado à Universidade é o ElesPorElas (HeForShe, em inglês). No programa, a USP foi a única universidade latino-americana convidada a participar do projeto piloto Impacto 10x10x10, que visa a atingir dez países, dez empresas e dez universidades ao redor do mundo, para desenvolver iniciativas e advogar pela igualdade de gênero. Maria Arminda ressalta a importante participação dos homens na busca pela equidade de gênero. “Muitas mulheres me inspiraram, mas muitos homens também. Não há como dirimir a eniquivalência de gênero se os homens não forem aliados. Sem essa aliança, haverá mais um problema social: a exclusão”, aponta a vice-reitora.

Nadine Gasman, representante do Escritório da ONU Mulheres no Brasil, entre as artistas Jü Violeta e Mag Magrela que pintaram, a convite da ONU Mulheres painel na Semana de arte HeForShe no Espaço das Artes, antigo prédio do MAC na Cidade Universitária em 2017 - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

A professora Ana Elisa Bechara também reforça a importância dessas alianças, não somente para com os homens, mas entre as inúmeras vivências do que é ser mulher, com o intuito de fortalecer a causa, e não criar divisões. “Precisamos nos unir. Não estamos competindo. Cada uma tem o seu espaço. E desenvolveremos juntas políticas para que eles sejam ampliados ainda mais”, afirma a diretora.

Confira abaixo alguns coletivos formados por mulheres da USP e suas atuações dentro e fora da Universidade:

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É muito comum que as áreas de finanças sejam marcadas pela competitividade. No entanto, não é assim que as mulheres do Coletivo Feminista Alice Canabrava gostariam que suas relações fossem estabelecidas. Intitulado com o nome da primeira diretora da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP, o coletivo reforça: “Não teremos que fazer um esforço maior que os homens para ocupar quaisquer espaços.”

Nas redes sociais, o grupo divulga perfis de mulheres reconhecidas por prêmios nacionais e internacionais do mundo dos negócios. Assim, elas acreditam que poderão inspirar outras mulheres que cheguem lá, a partir da equidade de gênero, e não pela competição.

Contato: @coletivo.alice.canabrava

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O Coletivo Feminista Anna Néri, da Escola de Enfermagem (EE) da USP, foi criado com a necessidade de oferecer um espaço acolhedor, em um curso ocupado predominantemente pelo público feminino. Carregando o nome da primeira enfermeira do Brasil, o coletivo reforça que suas profissões não são caridade, tampouco dom. 

O objetivo do coletivo é propiciar um espaço de organização feminina, de estudo do movimento feminista, de desmitificação dos estigmas atribuídos ao profissional de enfermagem e acolhimento das vítimas do machismo, fortemente presentes em suas rotinas de trabalho.

Contato: @coletivoannaneri

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Embora os cursos de ciências exatas ainda sejam predominantemente ocupados por homens, a Comissão de Acolhimento da Mulher, do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP, foi criada há quase dez anos para oferecer assistência às estudantes que lá estudam. Com uma frente de atuação ampla, que atende denúncias dentro e fora das dependências da unidade, a diretoria do instituto reforça que elas não estarão sozinhas em seus desafios diários.

Anualmente, as novas ingressantes conhecem a comissão na Semana de Recepção aos Calouros. Esse ano também haverá um momento de celebração com professoras, alunas e funcionárias. De acordo com as redes sociais da rede, a ideia é reafirmar suas importâncias dentro do instituto, além de compartilhar ideias. 

Contato: @camimeusp

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O coletivo de mulheres da Faculdade de Economia e Administração de Ribeirão Preto (FEA-RP) desenvolve atividades em parceria com a Comissão de Acolhimento e Orientação (CAO). O coletivo surgiu a partir da Atlética da faculdade e tem como principal objetivo acolher casos de violências discriminatórias e desenvolver projetos que provoquem a comunidade universitária a refletir sobre os riscos do machismo.

Professoras também são aliadas do coletivo. Nas redes sociais, já houve uma live entre as participantes do coletivo e a professora da FEA-RP, Luciana Marilac. No encontro, elas discutiram os riscos da exposição de vítimas que já denunciaram assédio sexual.

Contato: @chamaasmina.fearp

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Na primeira Faculdade de Direito do País, ressoam também as vozes de mulheres que pertencem ao coletivo feminista Dandara, nome que representa um dos principais símbolos da luta negra no Brasil. Juntas, as participantes do coletivo se articulam contra as injustiças nas questões de gênero.

Há quase 20 anos, o coletivo está ativo nos corredores das arcadas, nas ruas, em passeatas pela causa, e nas redes sociais. Reunidas, discutem projetos de lei, que visam descriminalizar o aborto, assegurar os direitos da comunidade trans e de mulheres negras injustiçadas, como Marielle Franco. Elas também realizam eventos que dialogam com questões de gênero e raça. Um dos posts mais acessados do Instagram da rede alerta para um tipo de violência que afeta até as crianças recém-nascidas: a violência obstétrica.

Contato: dandaracoletivofeminista@gmail.com e @coletivofeministadandara

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Há quase 100 anos, formava-se a primeira mulher em engenharia no Brasil, Enedina Marques. Esse é o nome do coletivo de mulheres que existe há quase dez anos da Escola de Engenharia de Lorena (EEL), unidade da USP no Vale do Paraíba.

Dentre as atividades realizadas, as participantes já organizaram rodas de conversa sobre exploração infanto-juvenil, além das campanhas de arrecadação de produtos de higiene pessoal, doadas para comunidades em situação de vulnerabilidade social na cidade. Professoras também se juntam ao coletivo em palestras que discutem o machismo nos mercados de trabalho. Uma delas é a professora ativista pelos direitos de pessoas trasngênero Gabriele Weber.

Contato: @coletivofeministaenedina

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Criado em junho de 2022, o Núcleo de Funcionárias da Faculdade de Educação (FE) da USP, mais conhecido como Nuffe, é um coletivo que surgiu para enfrentar casos de importunação sexual que vieram à tona na faculdade. As ações, até o momento, envolveram acolhimento, escuta, coleta e organização de relatos, bem como formação com uma promotora legal popular, para organização de uma denúncia coletiva.

Recentemente, o grupo ativo de mulheres entregou à Procuradoria-Geral da USP uma peça jurídica que argumenta em favor da suspensão cautelar do agressor durante processo administrativo por assédio ou importunação sexual, propondo que a Universidade estabeleça protocolos específicos para os casos de violência de gênero.

“Consideramos fundamental que todas as mulheres da Universidade, e isso inclui, claro, as funcionárias, estejam auto-organizadas para lutar contra o machismo estrutural e institucional”, afirmam.

Contato: nuffe@usp.br

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Uma das maiores repercussões do Coletivo Feminista Geni, da Faculdade de Medicina (FM) da USP, foi a presença no julgamento do acusado de estuprar seis estudantes da Universidade. “Não vamos nos calar!”, anunciaram docentes, funcionários, alunos e alunas no Tribunal de Justiça de São Paulo. O caso impulsionou participantes do coletivo a produzir uma intervenção artística por meio de uma linha do tempo sobre a cultura do estupro em um dos espaços de convivência da faculdade.

Além disso, com o auxílio de professores, o grupo já realizou alguns debates sobre  desigualdades de gênero na medicina. Atividades em conjunto com o coletivo de diversidades e de estudantes negros são frequentemente organizadas pelo grupo. Elas também desenvolveram em conjunto com o Núcleo de Ética e Direitos Humanos (Nedh) da faculdade uma cartilha contra assédio na FMUSP, disponível para acesso neste link. No material é possível compreender os tipos de assédio e como combatê-lo.

Contato: @coletivo.geni

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Criado por estudantes da História e da Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), o coletivo carrega o nome de uma importante mulher na história do Brasil, Maria de Déa, mais conhecida como Maria Bonita, que atuou durante o período do Cangaço, contrariando os desejos da família em permanecer presa a um casamento abusivo.

Reunidas periodicamente, as participantes desenvolvem diversas atividades: organização de debates sobre a questão feminina; comissão de denúncias; grupo de estudos com autoras feministas e articulações nos espaços acadêmicos com o intuito de desenvolver políticas que combatam o assédio sexual e o abuso de poder masculino. 

contato: coletivofeministahg@gmail.com e @coletivo_mariabonita

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Dentro da FFLCH, também há o coletivo de mulheres negras. Intitulado com o nome de uma das maiores filósofas e escritoras do ativismo antirracista no Brasil, o coletivo Sueli Carneiro foi criado para apresentar que questões de gênero também possuem impactos diferentes a depender da cor da pele. Sueli foi estudante da USP, onde começou a desenvolver estudos a respeito do feminismo negro.

Contato: @cmnsuelicarneiro

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O nome do coletivo é uma homenagem à arquiteta Mayumi Watanabe, ex-aluna da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), que dedicou sua vida ao ensino e à pesquisa no campo da politização dos espaços físicos. Foi, ainda, uma importante liderança à frente do Centro de Desenvolvimento de Equipamentos Urbanos e Comunitários da Prefeitura de São Paulo, diretoria responsável por oferecer locais de lazer e cultura, como praças públicas, sobretudo, às periferias.

Além de criar um espaço acolhedor em reuniões presenciais, no qual as participantes possam compartilhar medos e experiências, o coletivo atua desenvolvendo formações on-line sob a ótica dos estudos da arquiteta, e produzindo conteúdos informativos sobre feminismos nas redes sociais. Anualmente, também organiza uma feira cultural, a Expo Minas, que reúne artesanato, artigos de moda e oficinas, além de grupos de música. Todas essas atividades são produzidas apenas por mulheres.

Contato: coletivomayumiw@gmail.com @coletivomw www.facebook.com/feminismonafau

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Mulheres do campus da USP em Bauru se reúnem no coletivo Marias, com o intuito de oferecer um ambiente de escuta às estudantes de Fonoaudiologia, Odontologia e Medicina. Alunas das áreas da saúde, as participantes organizam rodas de conversa e mobilizações políticas na cidade em defesa de mulheres vítimas de violência nos sistemas de saúde e nos espaços universitários.

Contato: @mariasbauru

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Quase toda mulher algum dia já ouviu que precisava ficar calada. Representando as mulheres da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, na zona leste da capital, a Coletiva Feminista Maria Sem Vergonha nasceu para representar um espaço no qual as vivências, quando compartilhadas, encorajam ainda mais as participantes a lutarem contra o machismo diariamente.

Elas também não estão somente debatendo ideias em suas redes sociais, reuniões periódicas e um blog, canais que, de acordo com elas, são ferramentas de autodefesa feminista. A coletiva afirma que está desenvolvendo políticas que atendam às demandas da escola em conjunto com a diretoria da instituição. Desde o ano passado, distribuem absorventes nos banheiros da EACH a fim de combater a pobreza menstrual, problema que atinge uma em cada quatro mulheres no Brasil.

Contato: coletivamariasemvergonha@gmail.com e @coletiva_msv

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O Coletivo Feminista da Poli, mais conhecido como Politécnicas (R)existem, reúne estudantes dos cursos de Engenharia, oferecendo assistência a qualquer mulher que sofreu algum tipo de violência. Também celebram as engenheiras formadas na Poli e que abriram caminhos para que elas pudessem ocupar este espaço, como Liedi Bernucci, primeira mulher a assumir a diretoria da escola.

As Politécnicas (R)existem desenvolveram um projeto intitulado Rompendo o Silêncio, que apresentava relatos de mulheres com o intuito de denunciar situações de assédio. As situações retratadas buscavam ajudar a encorajar outras mulheres a romper o silêncio. As participantes do coletivo também ajudaram as vítimas por meio de serviços de acompanhamento psicológico e delegacias especializadas.

Contato: @politecnicas.r.existem

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E quem disse que as questões de gênero existem somente no Brasil? Estudantes do Instituto de Relações Internacionais (IRI) têm mostrado, nas reuniões do Núcleo Feminista de RI, que não. Porém, também celebram as conquistas às questões de gênero dentro e fora do País, quando, por exemplo, na Argentina o aborto foi descriminalizado.

O coletivo desenvolve atividades para que os homens sejam aliados à causa, em debates sobre masculinidade nos espaços de convivência do instituto. O assunto também já foi pauta de palestra com lideranças feministas na política, como a atual deputada federal de São Paulo Sâmia Bomfim.

Contato: @nucleofeminista_riusp

20230307_raizfulo

O machismo também é como uma semente. À medida que vai se enraizando, estabelece comportamentos que impedem a liberdade do ser feminino. Por isso, alunas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), campus da USP conhecido pela forte atuação nas ciências agrárias, se reuniram por meio do Coletivo Feminista Raiz Fulô. Além de debater questões atreladas às mulheres do campo, as estudantes se unem contra as violências sofridas por questões de gênero em Piracicaba, cidade onde o campus está localizado. 

Elas denunciam assédio nos espaços universitários e promovem campanhas informativas dentro e fora do campus sobre questões que envolvem gênero, cor e sexualidade. Nas redes sociais, também fazem divulgação científica a partir de pesquisas desenvolvidas por elas.

Contato: @raizfulo

Inclusão e pertencimento

Mapear os dados sobre gênero na USP é fundamental para que políticas universitárias mais precisas possam ser estabelecidas. Tanto a diretora de Gênero, Relações Étnico-Raciais e Diversidades da PRIP quanto a vice-reitora da USP acreditam que é por meio das três frentes de atuação — programas, pesquisas e comunicação — que medidas de inclusão e pertencimento serão alcançadas. Ambas admitem que esta articulação se tornará referência para outras universidades do Brasil e do mundo. 

A partir de uma pesquisa da Universidade, foi possível pensar ações afirmativas para solucionar as diferenças de gênero ainda presentes. Uma delas é a disparidade entre 61% de professores e 39% de professoras na instituição. De acordo com o estudo, as mulheres também são o público que menos chega a assumir um cargo de gestão universitária e conquistar a titularidade, etapa final da carreira acadêmica.

Ana Elisa Bechara, no entanto, conseguiu contrariar ambas as atribuições ao longo da sua trajetória profissional. Hoje, assumindo um cargo de diretoria fundamental às questões de gênero, reconhece que não consegue representar as mulheres da Universidade em sua completude, por ser uma única mulher inserida num universo de mulheres negras, indígenas, LGBTQIAPN+, pessoas com deficiência e quaisquer outras que se reconheçam no gênero. A diretora enfatiza que “nenhuma mulher está sozinha. Estamos todas juntas e temos que seguir todas juntas”. 

Ouça agora o áudio da professora Ana Elisa Bechara em uma mensagem a todas as mulheres da USP:

Nenhum estudante está sozinho. Afinal, é por isso que existem os representantes discentes no Conselho Universitário. Uma dessas representantes é Rosa Baptista, estudante de Educomunicação na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Segundo ela, por ser uma mulher preta é mais difícil vivenciar essas questões interligadas à cor da pele e à classe social. “É muito mais difícil, mas me inspiro na coragem da minha mãe. Enquanto educomunicadora, acredito ser fundamental combater o machismo e refletir sobre os valores que as comunicações reproduzem”, explica. “Como as comunicações tratam o racismo e o machismo? Se não combatem, é porque desejam que a sociedade naturalize essas violências”, Rosa questiona.

Segundo ela, representar os estudantes é também um desafio, ainda mais sendo pessoas pretas, pardas e indígenas como minorias na Universidade. “Ainda somos poucas. É difícil me enxergar nos espaços institucionais, é incômodo, pois há certa resistência em enegrecer esses espaços”, pontua a educomunicadora.

Até o momento desta reportagem, uma das pautas tratadas no Conselho Universitário foi a reserva de vagas para docentes pretos, pardos e indígenas (PPI). Hoje, a USP possui apenas 4% de professores e professoras PPI.

Rosa Baptista - Foto: Arquivo Pessoal

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