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Jardim, entretanto, não vê a experiência do concerto on-line ausente de pontos positivos. “Todas as orquestras ficaram em stand by. Para fazer música on-line foi preciso, necessariamente, nesse tempo de pandemia, esse tipo de procedimento. Os regentes e os instrumentistas têm aprendido um novo braço das possibilidades de trabalho”, destaca o professor, referindo-se aos processos de gravação e edição, que chama de “vivência on-line da música”.

Apesar da direção geral de Jardim e Ficarelli, o docente ressalta que toda a condução do projeto ficou a cargo dos estudantes de regência, com Giovanna Elias atuando como coordenadora. “Eu achei o projeto muito emocionante”, conta Giovanna. “Desde a idealização, o projeto foi muito musical. Apesar de estarmos distanciados, somente nos comunicando por computador e por celular, foi um projeto em que eu realmente me senti mais próxima das pessoas, realmente fizemos música juntos.”

Conforme explica a estudante, a preparação e a execução do concerto foram totalmente on-line, com cada instrumentista gravando sua parte na própria casa. “É uma dinâmica bem interessante”, comenta. “Todos recebem a mesma guia, com um pulso rítmico para as pessoas poderem acompanhar, com a referência de outros instrumentos. A pessoa grava a sua parte original, escrita pelo compositor, enquanto ouve essa guia. Ela tenta tocar junto e depois isso vai para um projeto de pós-produção, com a edição do vídeo e a sincronização dos instrumentos, dos naipes, solo, figura e fundo.”

Giovanna explica que entre as atribuições do grupo composto pelos quatro regentes, além da condução dos ensaios, estavam também atividades de pré e pós-produção. Coube aos estudantes organizar cronogramas, definir o repertório, fazer adaptações para os instrumentos, ouvir os trechos gravados, sugerir alterações e fazer a edição de áudio e a mixagem.

“Temos que tomar decisões, como pedir para a pessoa regravar, e mesmo regravando é diferente, ainda mais com instrumentos de sopro”, explica a estudante. “O lugar que você posiciona o celular, a reverberação da sala, sua distância em relação ao celular, tudo isso já muda muito.”

Além de Giovanna, que cuidou da adaptação e reorquestração da peça, participaram da regência Ásafe Soler e Cesar Madeira, responsáveis pela edição de áudio e mixagem, e Mariah Britto, que produziu as guias ao lado de Giovanna. A edição do vídeo é de Juan Sotomayor.

O grupo de instrumentistas é composto de Christian Lavorenti e Laura Heldt Tranche nas flautas, Patrick Sugahara e Gustavo Takeshi nos oboés, Wallace Cavallari e Rafael Martins nos clarinetes, Gabriela Matsas, Moisés Lessa e Nitai Riello nos fagotes, Weslley Moura no contrafagote, Juliana Silva e Jessé Gomes nos trompetes e Danilo de Oliveira e Jonathas David nas trompas.

“Em um ensaio presencial você tem que lidar com a orquestra, o jeito como os músicos vêm preparados, lidar com a sala, fazer a orquestra se ouvir, criar uma comunicação musical entre eles, entre o regente e entre o público. E, no formato on-line, as pessoas já chegam prontas, já gravaram. Você está lidando no presente com algo do passado que vai se transformar em algo do futuro”, reflete Giovanna.