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Entrada do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP, na Cidade Universitária, em São Paulo – Foto: Pedro B. de Meneses Bolle
Jogo eletrônico mostra acervo do Instituto de Estudos Brasileiros
"IEB Minecraft" será lançado durante a "Feira USP e as Profissões", que acontece nos dias 2 e 3 de setembro
O público jovem está cada vez mais habituado ao espaço on-line e a uma linguagem virtual. Nesse cenário, o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP enxergou a oportunidade de divulgar seu acervo de maneira lúdica para um novo público, através de um videogame, conta Pedro B. de Meneses Bolle, chefe técnico da Divisão de Apoio e Divulgação do IEB e coordenador do projeto.
Bolle explica que a iniciativa juntou seu interesse e estudos pessoais relacionados aos videogames com os resultados da edição de 2020 da Feira USP e as Profissões. Esse evento foi promovido pela primeira vez em formato virtual no ano passado, e seus conteúdos foram visualizados mais de 1 milhão de vezes, conforme noticiado pelo Jornal da USP. A partir disso, o coordenador passou a trabalhar na produção do jogo IEB Minecraft, que será lançado na edição deste ano da feira, que acontece nos dias 2 e 3 de setembro. “Depois do lançamento, o jogo ficará disponível 24 horas por dia por pelo menos um ano. Também vamos fazer vídeos explicativos e lives na feira”, diz Bolle.
Saguão do IEB em construção – Foto: Pedro B. de Meneses Bolle
Para ele, apesar de o IEB não ser uma unidade de ensino em que os alunos ingressam através do vestibular, trata-se de um instituto multidisciplinar, e quem estuda na USP tem a possibilidade de cursar matérias optativas no instituto, além de desenvolver pesquisas. “Gostaríamos de mostrar o que temos: mais de 500 mil documentos, 250 mil livros, 8 mil obras de arte. E também mostrar que fazemos a divulgação disso, além da possibilidade de realizar pesquisas”, diz.
Sob essa premissa foi concebida a ideia de uma visita virtual, que permitisse conhecer o IEB de forma educativa e interessante. Com a aprovação da diretoria do instituto, Bolle começou a desenvolver o jogo a partir de dezembro do ano passado, de forma voluntária e com custo zero.
A sala de exposições do IEB – Foto: Pedro B. de Meneses Bolle
O jogo foi desenvolvido a partir da plataforma de um famoso videogame, o Minecraft. Marcado por um visual característico de pixels aumentados, o jogo permite que os usuários formulem seus personagens e outras múltiplas possibilidades de criação, com combinações infinitas. No ambiente virtual, múltiplos jogadores podem explorar o ambiente ao mesmo tempo e interagir entre si.
Segundo Bolle, a escolha se deu por se tratar do segundo maior jogo do mundo. Assim, é alta a possibilidade de muitas pessoas já terem acesso a ele. O jogo foi lançado inicialmente em 2009, criado pelo sueco Markus “Notch” Persson e publicado pela Mojang Studios. Em 2014, foi adquirido pela Microsoft. Até hoje, o Minecraft já faturou mais de US$ 170 milhões e tem comercialização superior a 200 milhões de unidades — é o jogo eletrônico mais vendido de todos os tempos. “Quando falamos sobre a Feira USP e as Profissões, falamos de inclusão, então é importante que as pessoas já tenham acesso a esse jogo”, diz Bolle, destacando a popularidade do game. “Existe também uma versão educacional do Minecraft, que muitas escolas já têm, então é possível que os estudantes a utilizem para jogar”, completa.
Programação do jogo IEB Minecraft – Foto: Pedro B. de Meneses Bolle
A escolha de um jogo pré-existente permitiu o desenvolvimento do jogo a custo zero. “Não somos nós que desenvolvemos o jogo em si, mas criamos um jogo dentro de uma plataforma existente”, explica Bolle. Nele, cenários e objetos são construídos a partir de blocos. “Você tem infinitos blocos de todos os tipos, de várias texturas — madeira, ferro, metais preciosos, terras, gramas, árvores, plantas etc. Há uma infinidade de possibilidades e de combinações lá dentro.” A partir disso, o prédio do IEB, situado no Espaço Brasiliana, na Cidade Universitária, em São Paulo, foi montado de forma virtual, exatamente na forma como está construído na vida real.
O jogo se inicia com uma escolha: chegar na porta do IEB por um atalho subterrâneo, percorrido a pé, ou através de uma espécie de montanha russa. Feito de vidro, o carrinho permite dar a volta por todo o complexo, observando as diversas partes do prédio. O objetivo do game é, além de explorar o local, encontrar as salas onde estarão os acervos disponibilizados exclusivamente para o jogo. “Dentre as diversas salas do prédio, há dez salas preparadas com códigos QR, que dão acesso a um site exclusivo com os acervos selecionados. São diversos itens, como vídeos, áudios, podcasts, lives realizadas anteriormente, fotos, textos. Tudo foi adaptado para a realidade do público que a gente escolheu — o público da feira, que tem entre 12 e 20 anos de idade”, afirma Bolle.
Construção manual do QR code do jogo IEB Minecraft: através do QR code, os jogadores terão acesso aos acervos escolhidos – Foto: Pedro B. de Meneses Bolle
Conforme surgiam dificuldades na montagem do jogo, o coordenador passou a convidar amigos que conheciam o videogame para ajudar. Todos participaram como voluntários. “Percebi que era um projeto muito grande, não era fácil pensar e construir tudo sozinho. Chamei amigos que já sabiam jogar. Pessoas entre 30 e 65 anos de idade fizeram parte do projeto”, conta. Ele ressalta que, além da construção do jogo, era preciso pensar na experiência do usuário e em vários elementos, como o que colocar nas salas, quais acervos selecionar, a dinâmica do jogo e a programação, entre outros. Uma colega arquiteta, por exemplo, ajudou na ambientação e na escolha dos materiais para cada construção. A lista completa de colaborações pode ser conferida no site do projeto.
Para Bolle, uma parte fundamental foi a curadoria, que teve participação de Denise de Almeida Silva, Guilherme Lassabia de Godoy e Mariana do Nascimento Ananias, todos com atuação no IEB. A seleção do acervo para o jogo engloba “temas relacionados a obras e trajetórias de pessoas negras – intelectuais, artistas, poetas -, em suas múltiplas expressões presentes nos acervos do arquivo da biblioteca e da coleção de artes visuais”, diz o coordenador num podcast produzido pelo IEB.
Bolle diz que uma versão 2.0 do jogo já foi aprovada, para ser lançada daqui a um ano. A expectativa é que o projeto cresça, explorando mais possibilidades de construção dentro do jogo.
O jogo IEB Minecraft será lançado na Feira USP e as Profissões, que acontece nos dias 2 e 3 de setembro. Mais informações sobre o projeto estão disponíveis no site http://www.ieb.usp.br/minecraft/.
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