Até 2 de junho, o Espaço das Artes da USP, na Cidade Universitária, apresenta a exposição Epílogo. A mostra é composta de obras de alunos formados em 2020 e 2021 pelo Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, que não tiveram a oportunidade de expor seus trabalhos devido à pandemia de covid-19. Algumas das peças fazem referência a esse período de confinamento, outras foram elaboradas como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e outras ainda são obras inéditas.
O título da exposição foi escolhido pelos próprios artistas, referindo-se à parte final de um livro que faz a recapitulação da história. “É muito apropriado à condição atual deles ao retomar o momento da faculdade para encerrar essa fase”, explica o professor Claudio Mubarac, do Departamento de Artes Plásticas da ECA. “Ao mesmo tempo, não são os alunos formados em 2020 e 2021 em sua totalidade, pois muitos deles seguiram diferentes caminhos e se desligaram do departamento ou até mesmo da Universidade.”
No Espaço das Artes, a primeira sala abriga algumas das obras mais curiosas da exposição. A enorme parede da direita traz a obra Cerrado, de Guilherme Ferreira, que foi feita exclusivamente para essa mostra. O tamanho da peça, de 4 metros de altura por 16 metros de largura, surpreende.
Já as obras plásticas Uriel, Sórdida e Insossa, de Emerson Freire, evidenciam o psicodélico. As cores são resultado de uma pintura aerográfica em chumbo fundido, fibra de vidro, resina e espuma expandida. As diferentes figuras lembram as asas de um arcanjo com um útero, calda de escorpião com duas pontas espinhosas e um painel.
Seguindo para a sala lateral, a obra C4r0l1n4, de Carol Medina, apresenta a artista do “avesso”, com elementos de bioplástico e filamentos de caneta 3D que simulam músculos e nervos saindo do corpo. A posição do corpo lembra um acidente, porém a beleza da peça não passa a ideia de tragédia. Ainda assim, a obra busca questionar ideais de beleza da corporeidade feminina, ao mesmo tempo em que disseca a identidade da artista.
Um computador com um fone de ouvido expõe Interlúdios, de Isabele dos Anjos, obra que foi apresentada como TCC. Ela transmite o caos mental causado pelo tédio de ficar três dias em casa, por conta das fortes chuvas na região em que a artista morava. Para acessar cada parte da história basta rolar a tela do computador com o mouse. De forma interativa a autora dá opções de escolhas, podendo ou não escutar sons e imaginar trechos.
Ao lado está um sofá posicionado em frente a uma pequena TV. É possível se sentar e descansar no conforto da peça Ações Catárticas de Confinamento, de Anna Tabeli. Porém, o visitante precisa ter cuidado para não se machucar, caso não veja o palito de dente espetado na lateral.
No final da exposição há a sala para maiores de 18 anos. Nela há conteúdo erótico explícito. A videoperformance de Alex Avelino simula masturbação numa espécie de videochamada. No quadro menor, na lateral esquerda, uma figura feminina está sentada na cadeira e, a sua frente, há uma mesa com o café da manhã. Esse seria o motivador do ato sexual da pessoa na tela principal. Para Mubarac, a obra se relaciona com o termo pornográfico no sentido de excesso de exposição, principalmente no contexto atual, em que se vive conectado durante todo o tempo.
Ao lado, há Constelações, de Raissa Costa. A sala escura iluminada pelas “estrelas” de impressão 3D com luz de LED propõe relacionar o ser humano ao universo que o envolve, colocando em xeque o impacto da sua existência perante a imensidão. A obra é interativa e só se completa com a presença de um observador.
A exposição Epílogo fica em cartaz até 2 de junho, de segunda a sexta-feira, das 9 às 19 horas, no Espaço das Artes da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP (Rua da Praça do Relógio, 160, Cidade Universitária, em São Paulo). Entrada grátis.
