No dia 24 de novembro, será realizado o 5º Colóquio Osman Lins, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. O evento comemora o aniversário de 50 anos da publicação de Nove, Novena, considerada pela crítica como a obra-prima do autor, e os 40 anos de A Rainha dos Cárceres da Grécia, o último livro publicado em vida por Osman Lins. Este, polêmico na data de seu lançamento, deve receber uma adaptação para o cinema em um projeto que será apresentado durante o colóquio. O encontro é promovido pelo Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) e pelo Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da FFLCH.
Além de estabelecer o diálogo acadêmico próprio de um colóquio, a intenção do evento é atrair amantes da literatura que ainda não conhecem as obras de Osman Lins. Sandra Margarida Nitrini, professora da FFLCH e organizadora do colóquio, ressalta a importância de Lins para a literatura brasileira por conta da sua busca por novos meios de narrar. “Ele dedicou sua vida à literatura e alinha-se na tradição dos escritores que não repousam sobre o já conquistado. A seu modo, alia preocupação de ordem estética e compromisso com seu tempo.” Osman Lins escreveu romances, contos, ensaios e também peças de teatro, como Lisbela e o Prisioneiro, que ganhou fama após o lançamento de uma adaptação cinematográfica em 2003. A professora lembra que Lins ainda é um autor desconhecido para os leitores brasileiros, apesar de aclamado pela crítica. “É um autor respeitado, mas ainda com poucos leitores, embora o interesse por sua obra venha aumentando nos últimos 15 anos nas universidades brasileiras”, comenta.
Durante o evento, especialistas na leitura crítica das obras de Osman Lins concederão palestras e pesquisadores exibirão os desdobramentos de doutorados sobre a carreira do escritor pernambucano. Ainda durante o encontro, três escritores falarão sobre contos que escreveram inspirados pelas narrativas de Nove, Noventa: Hugo Almeida apresenta Variações de Nove, Novena: Tributo ao Mestre, Guiomar de Grammont apresenta Pássaro Negro: Variações sobre o Barroco e Beatriz de Almeida Magalhães fala sobre Panóptico de Hahn.
O colóquio também marca o lançamento de dois livros sobre a obra de Osman Lins. O primeiro, Nove, Novena, Noventa, reúne diversos ensaios e críticas literárias sobre as publicações de Lins. Os textos, de autoria de especialistas de várias partes do Brasil e de várias gerações, foram reunidos pela professora Sandra Nitrini. O segundo, Nove, Novena, Variações, foi organizado pelo escritor e especialista na obra de Osman Lins Hugo Almeida. O livro reúne uma série de contos de escritores brasileiros inspirados nas narrativas de Nove, Novena, como os que serão apresentados no próprio evento.
Sandra aponta que, no decorrer dos anos, os Colóquios Osman Lins têm servido ao propósito de divulgar os resultados das pesquisas sobre a complexa e diversificada obra de Osman Lins. Uma das principais bases para esses estudos está no IEB, onde estão preservados diversos originais do autor. São romances inacabados, contos não publicados, diários de viagem e de doença, documentos, cartas e fotos que ilustram a trajetória literária do escritor pernambucano. A professora acredita que, apesar de ter tido seu ápice de influência nas décadas de 1960 e 1970, o autor aborda temas contemporâneos. “Lins tem ainda muito a nos dizer em nossos dias, sobre relações humanas, sobre nosso compromisso com nosso tempo e com a sociedade em que vivemos, sobre a linguagem literária e sobre nossas indagações metafísicas”, afirma.
A primeira edição do Colóquio Osman Lins aconteceu em 2004, em comemoração póstuma aos 80 anos do autor, falecido em 1978.