Está disponível on-line e gratuitamente o livro Escrita Livre, que reúne 93 textos produzidos por alunos da Faculdade de Medicina da USP. A obra é resultado de um concurso literário promovido pelo Centro de Desenvolvimento de Educação Médica (Cedem) da Faculdade de Medicina, em parceria com o diretor da faculdade, professor Tarcísio Pessoa de Barros Filho, sob o tema “Quarentena”. O objetivo do concurso, realizado em maio passado, foi “manter o sentimento de pertencimento da comunidade FMUSP”, como se lê na introdução da obra.
Desses textos, três foram premiados no concurso. Houve também seis menções honrosas. O texto que levou o primeiro lugar foi Pós-Brasil, de Johnatan Padovez Gonçalves, que retrata a realidade de viver em meio à pandemia a partir dos pontos de vista de diversos brasileiros, desde os isolados até os que não têm escolha senão sair de casa e se expor ao risco para trabalhar. Cinema Mudo, de Fernando Sarin da Mota e Albuquerque, levou o segundo lugar. Ele aborda o cotidiano de um senhor que, isolado, transforma o dia a dia das pessoas que vê pela janela de seu apartamento em seu entretenimento diário, e acaba criando uma amizade curiosa com uma delas. Em terceiro lugar ficou o poema A Busca Pela Flor da Sanidade, de Matteo Celano Ebram. Em três partes, os versos de Ebram contam a história de um viajante que, acometido pelo “Mal”, sai em busca de uma flor mística, que segundo o curandeiro de sua aldeia aliviará sua aflição.
Dentre os seis textos que receberam menções honrosas está o artigo sem título de Luísa Yen. Nele, Luísa cria um conto de fadas moderno, contando a história de uma menina que precisa aprender a lidar com a passagem do tempo enquanto isolada em casa. Também entre as menções honrosas está o poema Submarino Amarelo, de Pedro Franca de Figueiredo, que também fala sobre o tempo, comparando a casa em que se isola ao “submarino amarelo” cantado pelos Beatles, dentro do qual, segundo o autor, os dias são indiferenciáveis.
Outros textos submetidos ao concurso não foram premiados, mas também constam no livro. Um deles é A Quarentena é Tão Bela Quanto a Vênus de Milo, de Haldo Lito, que, a partir da comparação entre o isolamento e a estátua sem braços, embarca em um monólogo que reflete o estado quase esquizofrênico induzido pela solidão da quarentena. No livro encontra-se também História de uma Família na Quarentena, de Julia Prado Avancini, um poema gráfico divertido e reflexivo, que representa a casa e as interações entre seus moradores como versos em um quadro. A foto da capa do livro é de autoria do aluno Gabriel Guimarães, do quinto ano da Faculdade de Medicina.