Quantos espaços de vegetação são necessários para se viver melhor em São Paulo?

Artigo analisa áreas mais e menos arborizadas de SP e propõe o aumento da cobertura vegetal

 07/03/2019 - Publicado há 6 anos     Atualizado: 08/03/2019 às 12:25

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Todos concordam que faltam árvores, vegetação nas ruas, nas cidades, e até nos parques, para que se realize o equilíbrio ecológico e que se respeite a biodiversidade urbana. Precisamos de um mínimo de qualidade de vida, precisamos da natureza para viver. Porém, de acordo com artigo da Revista LABVERDE, “nas cidades, cada vez mais, espaços vegetados são substituídos por asfalto e construções, principalmente nas regiões centrais, acarretando diversos problemas na estrutura da cidade e na preservação da biodiversidade urbana”. Os autores publicam esse estudo com o objetivo de dimensionar o nível de vegetação, a “cobertura arbórea” da cidade de São Paulo, e o que isso reflete na paisagem urbana.

Foto: USP Imagens

O artigo traz uma pesquisa mostrando as áreas mais e as menos arborizadas de São Paulo, propondo “o aumento da porcentagem de cobertura arbórea e a conexão dos espaços vegetados existentes”. A vegetação na cidade é bem diversificada, pois Cachoeirinha, Tremembé, Mandaqui, Vila Andrade, e Morumbi são os bairros mais arborizados, “a cobertura arbórea parece estar associada ao nível de renda da região, sendo que os bairros nobres apresentam, em geral, maior porcentagem de vegetação”.

Os menos arborizados são: Limão, Santa Cecília, Cambuci, Sé e Brás, já que são áreas comerciais, dotadas de menores percentagens de vegetação, de acordo com os autores. “Essas regiões são portadoras de graves problemas urbanos, como “poluição, ilhas de calor, alagamentos, dentre outros, que reduzem a qualidade de vida da população”.

Foto: USP Imagens

É preciso criar políticas públicas com efetivo planejamento que contribuam para que a população obtenha direitos inerentes a uma boa qualidade de vida. Nas palavras dos autores, as “florestas urbanas” disponibilizam “serviços ambientais organizados, como a economia do consumo de energia elétrica pela regulação térmica, absorção de carbono, retenção de poluentes, redução de ruídos urbanos e redução do escoamento superficial de águas pluviais”. Aumentando a infiltração de água no solo, equilibra-se a temperatura, por exemplo, de modo a não causar calor extremo, como o que estamos enfrentando hoje na metrópole paulistana.

O texto ressalta o auxílio imprescindível dos chamados corredores de vegetação em regiões muito carentes em arborização. Dessa forma, “a porcentagem de cobertura arbórea desses distritos aumentaria expressivamente”, suavizando-se as ilhas-de-calor, proporcionando melhor qualidade do ar, “maior permeabilidade do solo e consequente redução dos riscos de alagamento, dentre outros benefícios fornecidos pelos espaços vegetados”. Finalizando, a pesquisa nos informa o quanto a arborização planejada pode influenciar a qualidade de vida da população paulistana e cooperar no alívio de problemas psicológicos como o equilíbrio emocional, o combate à ansiedade, depressão e estresse, sem contar que os espaços arborizados na cidade podem proporcionar “oportunidades de recreação e coesão comunitária e cultural”.

LOCATELLI, M.; ARANTES, B.; SILVA FILHO, D.; POLIZEL, J.; FRANCO, M. Panorama atual da cobertura arbórea da cidade de São Paulo. Revista LABVERDE, São Paulo, v. 9, n. 1, p. 29-48, 2018. ISBN: 2179-2275. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2179-2275.v9i1p29-48.

Disponível em: http://www.revistas.usp.br/revistalabverde/article/view/134400. Acesso em: 21 jan. 2019.

Marcela Minatel Locatelli – mestranda da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP

Bruna Lara Arantes – mestre em Ciências pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP

Jefferson Lordello Polizel – doutor em Geografia Física pela USP e técnico em Informática do Laboratório de Métodos Quantitativos, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP

Demóstenes Ferreira da Silva Filho – professor na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP

Maria de Assunção Ribeiro Franco – professora na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP

Margareth Artur / Portal de Revistas USP

A seção “Revistas da USP” é uma parceria entre o Jornal da USP e o Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBi) que apresenta artigos de autores de diversas instituições publicados nos periódicos do Portal de Revistas USP.


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