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Em 2020, a pandemia de covid-19 impactou de formas diferentes alguns grupos de pessoas, e é possível afirmar que indivíduos de baixa renda sofreram ainda mais com o grande fluxo da doença. Patrícia Sampaio Chueiri, mestre e doutora em Epidemiologia e pós-doutoranda no Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, conversou em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição sobre o Projeto Casulo, uma intervenção feita em Paraisópolis para monitorar pacientes com coronavírus e avaliar os efeitos do isolamento centralizado em uma região urbana de alta vulnerabilidade social.
O método
“A gente trouxe a ideia do isolamento centralizado, que é você ter um lugar adequado para as pessoas que não podem fazer o isolamento na sua casa”, revela Patrícia. “Como as escolas não estavam tendo aula, a gente transformou duas escolas da comunidade em um centro para as pessoas que não poderiam fazer o isolamento em casa, ou não queriam, porque tinham alguém de risco em casa”, completa. Ela conta também que foi feito um movimento de compras do teste RT-PCR, além de máscaras e álcool-gel para os 14 dias de isolamento.
Segundo Patrícia, o projeto foi dividido em três estudos:
- Estudo transversal: é feito um questionário sobre características sociais e econômicas para avaliar o impacto individual da pandemia na comunidade;
- Estudo de corte: os pacientes são seguidos ao longo dos meses para que se tenha um conhecimento melhor dos impactos sociais comunitários da covid-19 na população;
- Estudo qualitativo: são feitos grupos focais com as pessoas que foram para o isolamento centralizado e com as que não foram, para compreender as razões de cada uma optar ou não pela proposta. Foi informado que apenas 10% dos pacientes com resultado positivo para o teste de covid aceitaram ir para o isolamento centralizado.
Os resultados
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Um resultado obtido com a pesquisa foi de que a televisão segue sendo o meio de informação acerca do coronavírus mais utilizado pela comunidade, ao contrário do WhatsApp, que era o que se pensava. Além disso, mais homens aceitaram ir para o isolamento centralizado que as mulheres. Sobre isso, Patrícia ressalta: “Talvez, num próximo momento, a gente precise pensar como pode ser esse um espaço mais acolhedor para as mulheres que precisam fazer isolamento”.
Patrícia enxerga que as barreiras encontradas serviram de lição para aprofundar a relação das intervenções com as populações locais: “Numa próxima vez que for necessário ter uma intervenção não farmacológica, como o isolamento centralizado, a gente vai fazer ela o mais próximo das necessidades da comunidade. Entender o que foi bom, o que foi ruim”.
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