População de Serrana, atendendo ao pedido da ciência, compareceu em massa para se vacinar

Da população de Serrana, 98% tomaram a 1ª e a 2ª dose, e o professor Marcos de Carvalho Borges adianta que alguns resultados já podem ser observados

 15/04/2021 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 16/04/2021 às 19:01
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A imunização com a CoronaVac faz parte do Projeto S, um estudo inédito no mundo coordenado pelo Instituto Butantan – Foto: Instituto Butantan/Divulgação

 

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A população adulta de Serrana, município de cerca de 50 mil habitantes da Região Metropolitana de Ribeirão Preto e a 300 km de São Paulo, correspondeu em massa à convocação para vacinação contra a covid-19. Com a primeira dose, foram vacinados 27.722 voluntários e, com a segunda dose, 27.160 voluntários, ou seja, 98% dos participantes que tomaram a 1ª dose tomaram também a 2ª dose. Isso reflete em uma cobertura vacinal, com as duas doses, de 95,7% de toda a população-alvo (maiores de 18 anos) em oito semanas. A imunização com a CoronaVac faz parte do Projeto S, um estudo inédito no mundo coordenado pelo Instituto Butantan, que quer analisar como se comporta o sars-cov-2 em uma sociedade devidamente vacinada. 

“É um número muito expressivo e superou nossas expectativas; nós esperávamos uma cobertura vacinal de, pelo menos, 80%. Esse resultado mostra que a população entendeu a importância da vacinação e, consequentemente, da ciência”, analisa Marcos de Carvalho Borges, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e diretor do Hospital Estadual de Serrana, escolhido para coordenar a pesquisa do Instituto Butantan no município.

Com o fim da vacinação, o estudo entra numa nova etapa e, embora profissionais da saúde de Serrana digam ter percebido redução no número de hospitalizações e na incidência de casos graves da covid-19, Borges avalia que ainda é cedo para associar esses impactos à vacinação. Mesmo assim, o professor diz que alguns resultados já podem ser observados.

“Considerando que os efeitos da vacina são melhores a partir de duas semanas após a segunda dose, ainda é cedo para tirarmos conclusões. Pelo estudo, observamos que Serrana teve seis óbitos por covid-19 em participantes vacinados, sendo cinco com uma única dose e um após a segunda dose, sendo que os sintomas começaram poucos dias após a imunização. Por outro lado, no mesmo período, Serrana teve 14 óbitos por covid-19 nas pessoas não vacinadas. Esse dado ainda é preliminar, mas nos traz um pouco de esperança.” 

O Projeto S tem duração de um ano e os pesquisadores vão acompanhar a população inteira e não somente quem foi vacinado. “É uma metodologia que avalia a comunidade e não o indivíduo”, explica. Serão observados o número de casos graves, de internações e mortalidade por covid-19, além de serem avaliados a transmissão viral e o sequenciamento dos casos positivos para saber qual variante está circulando na região. O professor não descarta que, em meados de maio, alguns resultados já possam ser apresentados. 

A pesquisa é uma parceria de várias instituições públicas, como Instituto Butantan, FMRP-USP, Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Assistência (Faepa) do HCRP, Hemocentro, HE Serrana e Prefeitura Municipal de Serrana.

 


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