Pesquisa procura entender como os arbovírus se espalham no Brasil

Estudo sobre vírus transmitidos por insetos é feito pela USP junto a outras instituições britânicas e brasileiras

 04/07/2019 - Publicado há 5 anos     Atualizado: 29/10/2019 às 9:50
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Ciente da dimensão dos problemas causados pelos surtos de vírus transmitidos por insetos no Brasil desde meados de 2012 , a USP, junto à Universidade de Oxford, vem desenvolvendo um projeto para traçar a biografia desses vírus. A pesquisadora Ester Sabino é uma das coordenadoras do projeto e contou ao Jornal da USP no Ar que, durante a epidemia do vírus zika, as instituições desenvolveram, em colaboração com o Ministério da Saúde, o projeto Zibra (Zika in Brazil Real Time Analisys). Nele, sequenciaram em tempo real o vírus em várias regiões do País para entender quando ele tinha entrada na população e como havia se espalhado.

Agora, em iniciativa que reúne três instituições britânicas e quatro brasileiras, eles pretendem dar um passo adiante. O escopo da pesquisa será aumentado, sequenciando um número maior de amostras de vírus, na tentativa de fazer um cruzamento com dados epidemiológicos. “Ao juntar o sequenciamento com dados epidemiológicos, talvez com o tempo será possível gerar modelos de previsão e assim descobrir onde e quando ocorrerão os surtos”, explica Ester.

Projeto  Zibra sequenciou em tempo real o vírus em várias regiões do País – Foto: Fernanda Carvalho / Fotos Públicas

Ela conta que o plano inicial é focar a pesquisa na febre amarela, realizando uma análise de 1000 amostras coletadas entre São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Dessa forma, pretendem traçar como o vírus se espalhou pela região Sudeste nos últimos dois anos.

Além do sequenciamento em si, a rapidez e a viabilidade financeira para se conseguir os resultados das análises são  imprescindíveis. Ester também é diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP e comenta que parte dos pesquisadores da USP estão em conjunto com a Universidade de Birmingham – da Inglaterra – desenvolvendo técnicas que agilizem os resultados e barateiem as análises. A expectativa, segundo ela, é que consigam realizar as análises num período em torno de oito horas, com um custo na faixa de US$ 20 por amostra. O objetivo principal para isso é ter respostas em prontidão quando houver epidemias, entendendo como o vírus se espalha e para onde pretende avançar.

Hoje, a pesquisa conta também com apoio da Escola Politécnica (Poli) da USP e do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE). A professora conta que, após progredirem nesta etapa, desenvolvendo técnicas viáveis de sequenciamento e tecnologias para formar o banco de dados do estudo, os estudos devem focar na dengue.

“Nós estamos vendo a dengue voltar com toda força. Nossos dados mostram que é um tipo de dengue diferente das anteriores, então é possível que ela se estenda até o ano que vem com grande epidemia aqui em São Paulo. Estamos focados no momento em febre amarela, e pretendemos logo avançar sobre a dengue”, conclui.


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