“O importante não é vencer, mas competir”
A diversidade entra nessa competição mostrando como a mulher, seja como atleta ou atuando na imprensa, precisou ultrapassar muito mais barreiras que na competição
Nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, pela primeira vez na história, o Brasil terá uma delegação formada em sua maioria por mulheres. São 276 atletas no total, sendo 153 nas disputas femininas – Mosaico de fotos: Ministério dos Esportes/Governo Federal
Diariamente o mundo acompanha as notícias locais e internacionais sobre disputas políticas, guerras, desastres climáticos e violência de todos os gêneros. Mas, durante os próximos 17 dias, as atenções estarão voltadas, com toda a tecnologia que o ano de 2024 pode proporcionar, às competições dos Jogos Olímpicos de Paris. Ao todo, participam 11.216 atletas, de 204 países, além da equipe olímpica de refugiados e dos atletas da Rússia e Bielorrússia, que competirão como atletas independentes neutros.
Os Jogos Olímpicos na Antiguidade tiveram início na Grécia, no ano de 776 a.C. do século VIII a.C. até o século V d.C. Eram considerados um festival religioso e atlético, realizado a cada quatro anos em Olímpia, considerado um santuário em honra de Zeus, deus grego que exercia a autoridade sobre os deuses olímpicos na antiga religião grega.
Era Moderna
O renascimento do espírito olímpico, interrompido na Grécia no ano 392 d.C., teve Charles Frédy Pierre, conhecido como Barão de Coubertin, pedagogo e esportista francês, como o fundador dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, em 6 de abril de 1896.
Coubertin dizia que “o importante não é vencer, mas competir”. Os valores que foram atribuídos às competições olímpicas pelo barão foram: igualdade, justiça, racionalidade, compreensão, respeito pelas pessoas, autonomia e excelência.
Nas quadras, pistas, piscinas, enfim, em quaisquer dos lugares destinados às competições, a única motivação será a disputa de habilidades e técnicas que o esporte exige, sem qualquer interferência política, religiosa ou social. Esse é o espírito das Olimpíadas: proporcionar uma disputa sadia em todas as modalidades.
As Olimpíadas não são apenas um grande evento esportivo, mas um momento de confraternização entre os povos, tendo a disputa no esporte como eixo central. Dessa forma, serve como estímulo para cultivar valores importantes para a humanidade. Nos próximos dias, milhões de olhares estarão voltados para acompanhar as competições e cerca de um milhão de pessoas foram credenciadas para trabalhar direta ou indiretamente no evento.
Nesse contexto, escolhemos um recorte para falar das Olimpíadas: as mulheres que participam como atletas e na imprensa. Há algum tempo que as emissoras de rádio e televisão têm aumentado a participação de mulheres nos nichos considerados masculinos, como, por exemplo, na narração de jogos de futebol. A Rede Globo anunciou, recentemente, que 43% das transmissões serão feitas por mulheres.
Sobre esse tema, a Rádio USP divulgou, ao longo da semana, cinco matérias especiais com a participação da professora Katia Rubio, da Faculdade de Educação (FE) da USP. Na primeira reportagem da série, a professora comenta que o Barão Pierre de Coubertin era contra a participação das mulheres no evento esportivo. A locução e produção foram de Thais May Carvalho, com a orientação do professor Luciano Maluly, ambos da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Acompanhe.
Cinderela Caldeira
Barão Pierre de Coubertin - Foto: Bain News Service/Wikipedia/Domínio público
A professora e especialista em Olímpiadas, Katia Rubio, fala, no segundo episódio da série, sobre a relação entre a história dos Jogos Olímpicos e a participação das mulheres no meio esportivo. Katia traz o exemplo da corredora sul-africana e medalhista de ouro olímpica Caster Semenya, que precisou passar por testes de verificação de sexo para poder competir.
Cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Verão de 1896 no Estádio Panathinaiko, em Atenas, Grécia - Foto: it:Utente:Duffo/Wikipedia
A atacante da seleção francesa, Eugénie Le Sommer, com a tocha nas mãos após o revezamento em Vannes - Foto: MFonzatti /Wikipedia
Pesquisas feitas no Brasil e em outros países mostram que há uma diferença na quantidade de cobertura e na linguagem utilizada para falar dos esportes praticados por homens e mulheres. Katia Rubio, professora da Faculdade de Educação, comenta como a imprensa esportiva, campo predominantemente dominado por homens ao longo da história, constrói a imagem das mulheres atletas.
A seleção feminina de futebol participou de todas as edições das Olimpíadas desde a estreia da modalidade, em Atlanta (1996) - Foto: Rafael Ribeiro/CBF via Ministério dos Esportes/Governo Federal
No último episódio da série especial sobre a participação de mulheres nos Jogos Olímpicos na imprensa fazendo a cobertura do evento, a pesquisadora Katia Rubio comenta sobre a estrutura dos órgãos de imprensa no Brasil, que contam com poucas mulheres em sua equipe e que dão grande destaque ao futebol masculino, deixando de lado, muitas vezes, o esporte olímpico.
O Brasil é o atual bicampeão Olímpico no futebol masculino, mas não conseguiu se classificar para os Jogos de Paris - Foto: Joilson Marconne/CBF via
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