A quarentena foi prolongada até o dia 31 de maio no estado de São Paulo. Embora haja visões divergentes a respeito do assunto, um estudo brasileiro confirma a eficácia do isolamento social neste período. Trata-se de uma pesquisa, feita no Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas a Indústria (Cemeai) da USP São Carlos, que faz uma simulação das mortes que por covid-19 que poderiam ser evitadas em todas as regiões do Brasil.
O Jornal da USP no Ar conversa hoje com Tiago Pereira da Silva, matemático e pesquisador envolvido com o projeto. Ele conta que a ideia das simulações é identificar tendências da taxa de propagação do vírus após o início da implementação dos processos de isolamento social. “O que fazemos aqui é pegar algumas equações matemáticas e ajustá-las à evolução da epidemia no Brasil, particularmente em São Paulo e na região Nordeste. Então, nós associamos isso aos dados oficiais, e calculamos algumas a taxa de reprodução, que seria o tempo que demora para o número de infectados dobrar – que é o índice que o isolamento social tenta reduzir”, explica.
O modelo matemático analisa o número de óbitos já ocorridos pela doença – cerca de 5% do número total de pessoas infectadas – para estimar quantas vidas são salvas com a manutenção do isolamento social em cada estado nos próximos 14 dias. O pesquisador conta que “em fevereiro, a quantidade de casos dobrava a cada 2,3 dias no Brasil. Com o isolamento social, essa taxa foi para 10 dias. Caso o isolamento social fosse desligado hoje, a doença voltaria aos patamares iniciais, registrados em fevereiro”.
“Nas próximas duas semanas, com o protocolo de afastamento social sendo mantido, no Sudeste uma vida vai ser salva a cada dois minutos. No Norte, esse tempo é de três minutos e no Nordeste, quatro minutos”, segundo Silva. Essa diferença se dá porque a doença se propaga de forma diferente em cada estado do País, mas a estimativa é que até o dia 25 de maio, 1500 vidas sejam salvas graças ao isolamento, de acordo com as estimativas da pesquisa.
As projeções feitas pelo estudo também indicam que a curva do estado de São Paulo já tenha sido bem achatada, mas ainda há muitos casos de subnotificações e poucos testes sendo realizados. Para saber mais sobre o projeto, ouça a entrevista na íntegra clicando no player acima.
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