O programa Ambiente É o Meio desta semana conversa com Kaline Mello, bióloga do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências da USP, sobre a relação do uso do solo com a qualidade da água dos rios brasileiros.
A bióloga participou de um estudo que considera todos os seis biomas presentes no território brasileiro para analisar os impactos dos usos do solo na degradação das águas dos rios. Segundo ela, “os principais usos do solo no Brasil são pastagem, agricultura, mineração, urbanização e a silvicultura. ” O estudo também apresenta como a qualidade da água é alterada ao longo do tempo.
O Brasil é o maior detentor de reservas de água doce no mundo, mas não igualmente distribuído pelo território nacional. A região amazônica concentra a maior reserva do País; porém, no litoral, onde a maior parte da população está concentrada, o cenário é bem preocupante. No litoral, região da Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do mundo e muito degradado no passado, apenas 10% dos rios “estão com a qualidade boa”, avalia a bióloga.
As boas práticas para minimizar os impactos de uso do solo também são abordadas pela pesquisadora. “Não só o tipo de uso, mas a intensidade desse uso vai ser muito importante para avaliar o nível do impacto. Quando você tem boas práticas, sejam boas práticas agrícolas ou uma boa gestão no ambiente urbano, há a minimização desses impactos na qualidade da água”, explica Kaline Mello.
A falta de saneamento básico nas áreas urbanas também incide sobre a degradação das águas, “tem muito contaminante na água por conta dessa falta do saneamento, da coleta e do tratamento do esgoto”. A necessidade da proteção da vegetação ao longo dos rios, nas áreas urbanas, também é importante para “evitar que as águas das chuvas tragam poluentes para os nossos rios”.