No dia 20 de julho de 1969, os astronautas norte-americanos Neil Armstrong e Edwin Aldrin, tripulantes da Apollo 11, se tornaram os primeiros seres humanos a aterrissar na Lua. A frase de Armstrong ao pisar no solo lunar – “Um pequeno passo para um homem, um grande salto para a humanidade” – se tornou histórica. Para comentar o tamanho deste “salto para a humanidade”, com a primeira visita do homem ao satélite natural da Terra, o programa Diálogos na USP – Os Temas da Atualidade desta semana recebeu os professores Pedro Luiz Cortês, da Escola de Comunicações e Artes (ECA), e João Evangelista Steiner, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), ambos da USP.
Pedro Cortês acredita que o Programa Apollo “representou, nos anos posteriores, ganhos significativos para a humanidade. Houve quem criticasse na época se isso representaria algum ganho significativo para a humanidade. Tivemos uma melhor compreensão da ciência, de como surgiu a Terra e como ela evoluiu, de qual o papel da Lua nessa evolução da Terra, mas também verificamos uma série de evoluções em relação à tecnologia. Não é uma surpresa que nos anos subsequentes, já na década de 1970, surgiram os primeiros microcomputadores”. Ele também contextualiza o interesse da chegada à Lua a partir da corrida espacial durante a Guerra Fria, período de disputa militar e de propaganda ideológica entre norte-americanos e soviéticos, que permitiu a criação e desenvolvimento de sondas e satélites que puderam fornecer informações sobre a Lua e também sobre outros planetas a serem explorados.
Steiner lembra que o lançamento do Sputnik pelos soviéticos foi um evento “marcante e um grande choque para os americanos”, pois constatou-se o quanto os soviéticos estavam avançados, a ponto de colocarem um satélite em órbita. Em função desse choque, os americanos criaram a Nasa (em português, Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço), centralizando em apenas um órgão os programas espaciais existentes nos EUA. Ele aponta que a Nasa “se tornou-se um órgão extremamente eficiente, com uma ‘montanha’ de recursos à disposição e teve de inventar formas de gestão inéditas”, um projeto tão complexo e tão organizado, que viabilizou a visita do homem à Lua e criou um modelo-exemplo de como se desenvolve um programa espacial, mostrando como um programa estratégico bem concebido tem consequências para o desenvolvimento tecnológico, industrial e econômico. O professor acrescenta que um programa espacial bem-sucedido, como o da Nasa, além de permitir a visita do homem à Lua, demonstrou “o quanto um programa estratégico de ciência e tecnologia pode ter consequências importantes para a sociedade”. Ouça a íntegra da entrevista nos áudios acima.