Em 2017, na Jordânia, foi inaugurado o laboratório do projeto Sesame (Luz Síncrotron para Ciência Experimental e Aplicações no Oriente Médio), que reuniu nove países do Oriente Médio, a maioria com tensões diplomáticas, visando a uma aproximação cultural e diplomática por meio da cooperação científica. O projeto tornou-se um dos maiores exemplos da chamada diplomacia científica. Esse e outros casos de sucesso serão estudados na Escola São Paulo de Ciência Avançada em Diplomacia Científica e Diplomacia da Inovação, projeto de ensino desenvolvido pelo Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP, que tem como objetivo abordar novas frentes diplomáticas na atualidade. O Jornal da USP no Ar conversou com o professor Amâncio Jorge Silva Nunes de Oliveira, coordenador da escola.
O professor Amâncio Jorge de Oliveira explica que a diplomacia científica acontece “quando temos o cientista fazendo o papel de diplomata, ou quando temos o diplomata ajudando a ciência”. A preocupação mundial com o desmatamento e as queimadas na Amazônia é um caso recente, capaz de ilustrar a diplomacia científica. A partir de “uma desconfiança de dados científicos”, cientistas do mundo inteiro articularam-se em defesa da ciência.
A diplomacia científica é uma área já consolidada, sobretudo nos países ricos. O professor esclarece que há pouca formação sobre o tema nos países latino-americanos. A partir de uma “conversa com representantes do Itamaraty, em particular com o chefe da Divisão de Ciência e Tecnologia da Embaixada de Nova Déli, Pedro Ivo, nasceu a ideia de fazer da USP um ponto focal dessa área”, comenta, e continua: “Entramos com um projeto na Fapesp para dar formação tanto a alunos brasileiros quanto do exterior”.
Cerca de mil candidatos participaram do processo de seleção para o curso de Diplomacia Científica e Diplomacia da Inovação. Ao fim, 80 participantes foram selecionados, sendo 40 do Brasil e 40 do exterior. O curso começou no dia 21, com duração de dez dias, e encerra-se no dia 31 de agosto. Amâncio Jorge de Oliveira comenta que o curso é dividido em duas partes: “Na semana passada tratamos, particularmente, da Diplomacia Científica. Esta semana vamos focar na Diplomacia da Inovação”. O professor destaca que a Diplomacia da Inovação é um campo de pouca exploração, inclusive no exterior. “A perspectiva é que, até o final desta semana, teremos um documento de referência sobre o que é a diplomacia da inovação, ou seja, um documento que trata e apresenta este novo conceito para a sociedade científica”, conclui o professor.
A Escola São Paulo de Ciência Avançada em Diplomacia Científica e Diplomacia da Inovação terá um evento hoje (26), às 14h, na Sala do Conselho Universitário da USP. O diretor científico da Fapesp, professor Carlos Henrique de Brito Cruz, fará uma exposição do quadro de pesquisa no Estado de São Paulo. Em seguida, os reitores das universidades públicas estaduais de São Paulo vão discorrer sobre o papel da universidade no campo da diplomacia científica e as estratégias de internacionalização.
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