“Diálogos na USP” esclarece crise de refugiados no Brasil e no mundo

A falta de informação de qualidade faz os brasileiros acreditarem que a questão imigratória traz prejuízos sociais

 31/08/2018 - Publicado há 6 anos
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Venezuelanos saem de Pacaraima em busca de abrigo em Boa Vista, Rondônia – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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Em 2015, houve o auge do movimento migratório pelo mundo, que, segundo a Anistia Internacional, constituiu a maior crise de deslocamento populacional desde a Segunda Guerra Mundial. No Brasil, não está sendo diferente, com cerca de 30,8 mil imigrantes venezuelanos no País, sendo que, desses, somente em 2018 chegaram 10 mil.

Para falar sobre essa crise, o Diálogos na USP recebeu Pedro Dallari, colunista da Rádio USP e professor de Direito Internacional do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP, e Deisy Ventura, professora de Ética da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Global e Sustentabilidade.

De acordo com Dallari, essa questão não deve ser tratada como um problema, tendo em vista que o recebimento de imigrantes sempre foi um fator de progresso para diversos países. “Uma sociedade mais acolhedora melhora.” Ele lembra que, no caso da Síria, houve um grande número de movimentos migratórios internos, que são às vezes minimizados externamente. Além do mais, ele ressaltou a importância que o IRI teve na mudança legislacional no recebimento de imigrantes no Brasil, com a nova lei da migração, que entrou em vigor no ano passado.

Deisy Ventura e Pedro Dallari – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

A professora Deisy destaca o fato de que 85% dos refugiados são acolhidos por países em desenvolvimento, no entanto, a mídia só leva a crer que os países desenvolvidos são os destinos prioritários. No caso do Brasil, ela lamenta a falta de empatia do brasileiro, que, mesmo tendo parentes e amigos em outros países, não se sensibiliza com os venezuelanos. “As pessoas me abordam perguntando sobre o que está acontecendo com os venezuelanos, e eu que pergunto o que está acontecendo com os brasileiros.” Para ela, é imprescindível a veiculação de informação de qualidade, pois o Brasil não é o destino preferencial de refugiados e só recebeu apenas 2% dos venezuelanos despatriados.

Ouça a íntegra do programa nos links acima.

Esta edição do Diálogos na USP teve apresentação de Marcello Rollemberg e trabalhos técnicos de Márcio Ortiz. A produção é do Departamento de Jornalismo da Rádio USP.

 


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