World wide web. Web. Www. Internet. Dê o nome que quiser, essa grande rede que interliga computadores pelo mundo inteiro está na nossa vida há 30 anos e mudou nossa rotina para sempre. Hoje, é quase impossível pensarmos em qualquer trabalho, pesquisa ou forma de lazer que não tenha a internet envolvida, seja por meio de computadores, tablets ou smartphones, entre outras plataformas. Segundo o IBGE, o Brasil fechou 2016 com 116 milhões de pessoas conectadas à grande rede, o equivalente a 64,7% da população com idade acima de 10 anos.
Para comemorar as três décadas desde a criação da rede mundial de computadores, Tim Berners-Lee, o físico britânico que em 1989 propôs a criação do www, divulgou uma carta em que destaca que este “é o momento para celebrar o quão longe chegamos, mas também uma oportunidade para refletir sobre até onde temos de ir ainda”.
Mas afinal, quão longe realmente chegamos? O que representa na nossa vida a internet, para o bem e para o mal? Saberíamos, hoje, viver sem a internet?
Para responder a essa e outras indagações sobre os “30 anos da internet”, o Diálogos na USP recebeu os professores Gildo Magalhães dos Santos Filho, professor titular do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, e Elizabeth Saad Corrêa, professora titular sênior do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes da USP, pesquisadora nas áreas de comunicação digital e jornalismo digital.
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Gildo Magalhães destacou a importância da internet na comunicação atualmente. “O www possibilitou, através de um domínio e protocolo adequados, que uma grande quantidade de pessoas, empresas e organizações pudessem se comunicar”, afirmou. Esta comunicação se dá de uma forma muito mais ágil e instantânea e “eliminou uma série de outras tecnologias, como o fax e o telégrafo”. Outra grande novidade foi o correio eletrônico, que substituiu as cartas e “causou mudanças culturais, sociais e econômicas”.
Elizabeth Saad Corrêa apontou para a rápida expansão da rede, que se deu de “forma acelerada, tendo muito a ver com o desenvolvimento de novas tecnologias de informática, que foi facilitando o acesso para cada vez mais pessoas”. Este crescimento também fez com que “as pessoas passassem a perceber que os aspectos de tempo, espaço e localização não eram mais problemas, as fronteiras se diluíram”. Tudo isso resulta “em processos novos de comunicação, sociabilidade e interação”.
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A professora relembrou que a internet “é um reflexo do que nós somos como sociedade, portanto tudo está ali na rede, tanto coisas boas como ruins”. Elizabeth também ressaltou que a web ainda terá grandes avanços tecnológicos, mas que “a grande questão é como se adequar social e comportamentalmente dentro deste processo que está indo para uma desumanização das relações”.
Magalhães salientou que “os problemas tecnológicos sempre são resolvidos com o avanço e criação de novas tecnologias, e nunca com o retrocesso”. Ainda podemos utilizar sistemas antigos de comunicação, como os correios. “Ainda é possível, sim, receber cartas de namoro de várias páginas escritas à mão. Nós ainda ensinamos a nossas crianças caligrafia”, recordou.
O Diálogos na USP tem apresentação de Marcello Rollemberg, produção da Editoria de Atualidades do Jornal da USP e da Rádio USP e trabalhos técnicos de Rafael Simões.