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Fake news, eleição de Jair Bolsonaro e crescimento da direita no Brasil, crise comercial Estados Unidos-China, prisão do ex-presidente Lula, reaproximação entre as Coreias do Sul e do Norte, crise econômica e política na Argentina, fuga em massa de venezuelanos de seu país, assassinato da vereadora Marielle Franco, caravanas de imigrantes latino-americanos dirigindo-se ostensivamente para os Estados Unidos. Esses são apenas alguns exemplos dos muitos eventos que chamaram a atenção da opinião pública e sacudiram este 2018 que está prestes a acabar.
Para fazer um balanço dos acontecimentos de 2018, o Diálogos na USP recebeu o colunista da Rádio USP José Álvaro Moisés, cientista político, escritor e professor de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, e Amâncio Jorge Silva Nunes de Oliveira, professor do Instituto de Relações Internacionais e coordenador científico do Centro de Estudos das Negociações Internacionais (Caeni – IRI).
Sobre a eleição brasileira, os especialistas concordam sobre ter sido um momento crítico e de colapso político. Moisés afirma que a vitória de Jair Bolsonaro encerra um ciclo da Nova República e inicia um período de perspectivas ideológicas mais conservadoras e de direita. “Não sei se seria o caso de dizer que acabou o período democrático, mas o período progressista visivelmente acabou. Toda a dinâmica desse ciclo nós não sabemos ainda como será”, comenta.
A mudança da política de relações com outros países, feita pelo presidente Donald Trump, também foi abordada pelos especialistas como um dos destaques da área internacional. “Este ano já é um rescaldo de 2017, no qual os Estados Unidos começaram a imprimir políticas unilateralistas. Refiro-me à saída do Acordo de Paris, da parceria Transpacífico e às críticas à Organização Mundial de Comércio. Ou seja, nós vivemos um ciclo de baixa de importância do multilateralismo, em especial promovido pelos Estados Unidos, que são a força hegemônica e vêm disputando essa hegemonia com a China”, esclarece Oliveira.
Quanto à aproximação do Brasil com os Estados Unidos, Moisés afirma: “Se as escolhas econômicas seguirem a ideia de uma relação privilegiada com os Estados Unidos, à qual não sabemos se os Estados Unidos corresponderão, isso indicará uma dificuldade de relação com outros países que são compradores de produtos brasileiros”.
Confira a íntegra do programa no link acima.
Esta edição do Diálogos na USP teve apresentação do jornalista Marcello Rollemberg e trabalhos técnicos de Tales Almeida. A produção é da equipe de jornalismo da Rádio USP.