Durante as coberturas jornalísticas do auxílio emergencial, muito se discutiu sobre o papel do Congresso e a pressão que exerceu para a aprovação do programa, uma vez que o próprio presidente Jair Bolsonaro mostrava-se indeciso quanto ao projeto, que afinal acabou aprovado sob o valor de R$600, maior do que o definido até então. Para muitos, apesar de o presidente da República ter resistido inicialmente à medida – uma vez que propugnava um benefício de valor menor -, acredita-se que o auxílio emergencial possa ter aumentado sua popularidade para as eleições presidenciais de 2022. O que está por trás, afinal de contas, de uma política pública de transferência de renda como a do Auxílio Emergencial, que, aliás, está prestes a ser substituído pelo Auxílio Brasil ?
O professor da Universidade Federal, do Rio Grande do Sul, Sergio Simoni Jr., pesquisador do Centro de Estudos da Metrópole da USP e da Rede de Pesquisa Solidária, comentou para o Jornal da USP no Ar 1ª Edição que a questão entre a relação do Auxílio Emergencial e a popularidade do presidente não é tão simples. Segundo ele, o impacto do auxílio emergencial sobre essa questão dependerá de outros fatores, como o sucesso na implementação do Auxílio Brasil, cuja discussão não deixa de estar imersa em algumas polêmicas. “Não podemos tomar como se os eleitores recebessem os benefícios e simplesmente retribuíssem com popularidade ou com votos o que o governo está implementando, depende de como as forças partidárias vão se colocar, defendendo uma política mais sólida ou minimizando essa política pública”, conta o pesquisador.
Simoni, que publicou, no começo do ano, o artigo O Congresso e a Renda Emergencial, juntamente com a pesquisadora Hellen Guicheney e o pesquisador João Lucas Sacchi Oliveira, observa que muitos fatores interferem na decisão de votos do eleitorado, a política de transferência de renda é apenas um deles. De acordo com ele, mesmo políticas sociais podem se prestar a discursos que contemplem as mais diferentes ideologias, “e isso é algo que o governo atual está querendo vender, querendo dar mais ênfase, porque tem a ver também com as bases ideológicas”.
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