Exposição de Amélia Toledo, no MuBE, mistura material orgânico mineral com o racionalismo da geometria

Guilherme Wisnik conta que a artista utilizava pedras, tecidos, conchas do mar para fazer tanto obras públicas, quanto obras de pequena escala ligadas a um efeito mais artesanal, materiais sobre os quais o tempo marca a passagem dos anos

 Publicado: 25/07/2024

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Na coluna desta semana, Guilherme Wisnik comenta sobre a exposição Amélia Toledo: paisagem cromática, que está em cartaz no Museu Brasileiro da Escultura e da Ecologia (MuBE). Com curadoria do Fernando Lindenberg e da Daniela Gomes Pinto, a mostra tem uma abordagem muito nova e particular da obra da Amélia Toledo, que é uma artista que faleceu recentemente e que tem uma carreira já muito consolidada, mas que nessa exposição, ao mesmo tempo,  foi possível lançar luz sobre uma série de aspectos, como o lado da paisagem e a questão da cor. “Mas como esses elementos interagem, constroem uma particular relação que ela tinha entre, digamos assim, um lado orgânico mineral ligado à natureza e um certo racionalismo da geometria, que é uma combinação muito particular da herança do Modernismo nos trópicos, mas para o qual Amélia deu uma saída muito própria que eu acho que vale a pena comentar e verificar na exposição.”

O colunista explica que Amélia tinha um envolvimento muito grande com as pedras, e que “usou esse material para fazer tanto obras públicas, quanto obras de pequena escala e ligadas a um efeito mais artesanal. Os tecidos, as conchas do mar e os materiais que se depositam sobre os quais o tempo marca a passagem dos anos. Então, a curadoria foi muito feliz. Fernando Lindenberg, um artista, e Daniela, que é geóloga,  foram muito felizes em conseguir dar uma abordagem múltipla da obra da Amélia no espaço do MuBE. E e o projeto espacial da Lelê Vilela também dialoga com eles, trazendo um elemento fundamental que foi a areia no piso. Então, boa parte da galeria subterrânea do MuBE está tomada por areia e essa areia, além de ser um material muito afim com a obra da Amélia, acaba dando uma unidade espacial muito forte à exposição e uma velocidade menor para o fluxo das pessoas.”

Wisnik conta que o lado lúdico do trabalho de Amélia e acabou fazendo do MuBE um lugar de visitação intensa de crianças e jovens como peças de grande playground museológico, “porque o público pode tirar o sapatos e, com isso, tem uma interação mais forte com o espaço.”

Lembrando que o MuBE fica na Rua Alemanha 22, Jardim Europa, São Paulo.


Espaço em Obra
A coluna Espaço em Obra, com o professor Guilherme Wisnik, vai ao ar  quinzenalmente quinta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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