A polêmica legalização sobre o porte da maconha no Brasil

João Paulo Lotufo diz que, enquanto o Supremo e o Congresso debatem a questão do porte e da quantidade de maconha, ninguém está se preocupando em advertir a população sobre o risco do uso da droga

 Publicado: 01/07/2024

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Boa parte da atenção da imprensa tem-se voltado para a votação no Supremo Tribunal Federal sobre o porte da maconha, mas João Paulo Lotufo continua irredutível a respeito do assunto. Segundo ele, embora o Supremo e o Congresso Nacional estejam discutindo tópicos como a punição pela quantidade de maconha, ambos não estão fazendo campanha nenhuma para advertir a população sobre o risco do uso da droga. “Então, para mim, não importa se vai liberar o porte, se não vai liberar o porte, o que precisamos fazer é divulgar, é ensinar que a maconha tem risco,  precisamos de programas de prevenção para estimular a não começar, não experimentar, porque experimentando começa-se a brincar, 20% ficam dependentes, 1% vai ter surto psicótico, e essa liberação, sem uma ampla campanha de orientação, pode levar ao aumento do uso da droga, porque tira-se o medo da droga e, tirando-se o medo, aumenta-se o uso”, adverte o colunista.

Lotufo também tem sido bastante questionado sobre acidentes com a ingestão da maconha, já que nas faculdades não é raro encontrar  brigadeiro e brownie com a droga “e você nunca sabe direito quanto se está ingerindo de maconha, que planta foi usada, qual a concentração de THC que tem naquilo. Aqui no Hospital Universitário já atendemos um garoto que engoliu um baseado de maconha e teve uma intoxicação, é comum a gente atender abstinência de drogas no berçário, como eu já falei em outros programas, e tudo isso leva a problemas de comportamento e a problemas graves, principalmente no desenvolvimento intelectual. Então veja, se estão aprovando o porte da maconha, vamos aumentar o conhecimento da população sobre o risco da droga. A maconha tem cinco vezes mais cancerígenos, isso no nível pulmonar, e a lesão da maconha no nível cerebral, se ocorrer, é irreversível, não tem volta”, afirma ele. “Isso é um grande problema para a sociedade; portanto, prevenção e campanhas de orientação são necessárias e o Congresso e o Supremo não estão preocupados com isso.”


Dr. Bartô e os Doutores da Saúde
A coluna Dr. Bartô e os Doutores da Saúde, com o professor João Paulo Lotufo, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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