Por que “extensionar”? Quando a educação é colocada a serviço da sociedade, todos ganham

Por Eduardo Bessa Azevedo, professor do Instituto de Química de São Carlos da USP

 17/06/2024 - Publicado há 6 meses
Eduardo Bessa – Foto: Arquivo pessoal

 

 

No atual cenário de valorização da extensão universitária, permitam-me usar aqui um neologismo. Se Ensino, Pesquisa e Extensão compõem o tripé sobre o qual se sustentam as universidades, ensinar e pesquisar requerem, naturalmente, o verbo “extensionar”.

Por que extensionar? Ora, acaso escutamos alguém perguntar “por que ensinar?” ou “por que pesquisar?”. No entanto, se ainda há dúvidas, creio que nos cabe envidar reiterados esforços para tornarmos óbvia a resposta. Então, mais uma vez, por que extensionar?

Porque devemos

Primeiramente, a Resolução MEC/CNE/CES Nº 7, de 18 de dezembro de 2018, Art. 12º, vincula a autorização, o reconhecimento e a renovação de reconhecimento de cursos, bem como o credenciamento e o recredenciamento das instituições de ensino superior (IES) à previsão institucional e ao cumprimento de, no mínimo, 10% do total da carga horária curricular estudantil dos cursos de graduação em atividades de extensão.

Em segundo lugar, a Deliberação CEE 216/2023, Art. 1º, requer que os estudantes de graduação admitidos a partir de 2023 nas IES do Sistema de Ensino do Estado de São Paulo sigam os termos da Resolução CNE/CES 07/2018.

Por fim, a Resolução USP Nº 3461, de 7 de outubro de 1988, Art. 2º e 76, estabelece que um dos fins da USP é estender à sociedade serviços indissociáveis das atividades de ensino e de pesquisa, serviços esses prestados por todos os docentes.

Porque podemos

A USP é superlativa em diversos aspectos. De acordo com o QS World University, ela ocupa a 85ª posição entre as melhores universidades do mundo. Aproximadamente um terço da produção científica do Brasil (medida pelo número de artigos publicados) provém dela. A grosso modo, são: oito campi, 50 unidades de ensino, seis hospitais, 12 museus, 66 bibliotecas físicas (além das digitais e das temáticas), editora, teatros, coral, três orquestras, três centros esportivos, três centros científico-culturais, dois observatórios etc.; 5,2 mil docentes, 13 mil funcionários técnico-administrativos, 60 mil estudantes de graduação, 37 mil estudantes de pós-graduação etc.

A produção de conhecimentos na USP é de tal monta, que transferi-la à sociedade se torna uma necessidade, sob pena de perigosa estagnação. É no processo dialógico entre universidade e sociedade que a primeira se afirma e reinventa, enquanto a segunda se qualifica e reconhece. É fundamental que o conhecimento flua em ambas as direções. Sejamos rio e não poça.

Como nos disse tio Ben, personagem do filme Homem-aranha (2002): “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. Somente a educação, posta a serviço da sociedade, tem bastante poder para transformá-la para melhor. Nós devemos e podemos apresentar às pessoas os conhecimentos que nos definem a todos, pelo menos em grande parte, como criaturas humanas em processo civilizatório.

Avante, pois, caríssimos! Mãos à charrua! A caminhada pode até ser acidentada, mas não há outra maneira de crescermos de forma sustentável senão em grupo. Tudo o que é bom na vida, só tem sentido se for compartilhado.

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