Na coluna passada, José Eli da Veiga fez projeções para o ano de 2024. Nesta semana, ele vai além e pergunta o que poderia acontecer até o fim deste século, a partir de cenários construídos por modelos computacionais bem sofisticados. “Em primeiro lugar, o cenário imaginando é o seguinte: tudo continua mais ou menos como está. Nós não alteramos muito o tipo de evolução que vem ocorrendo nas últimas décadas. Então, nesse caso, a pergunta seria: o que que vai sobrar em 2100? […] Realmente aí o panorama não é dos mais aceitáveis, mas é aquele para o qual, em princípio, estão apontando as conclusões científicas. Quem acompanha a ciência, as evidências que vêm aparecendo, não pode ter uma perspectiva muito positiva sobre o futuro a longo prazo”.
Ele observa, porém, que há um cenário inverso, desde que haja algumas reviravoltas de comportamento. “Seria possível, por exemplo, reduzir bastante a desigualdade pela melhoria das condições de vida da maioria trabalhadora, que seria possível praticamente acabar com a pobreza, que seria possível deter o aquecimento global ou amenizá-lo razoavelmente e assim por diante. Esse cenário ficou com o nome de grande salto. Seria realmente um grande salto e é bem provável, então, que, na verdade, se não tiver nenhum tipo de cataclisma – por exemplo, pelo uso de armas nucleares -, nesse caso, provavelmente o que vai acontecer vai ser alguma coisa que fique em algum ponto entre os dois cenários que eu já relatei”.
Mas existe ainda um terceiro cenário, meio crítico a esse, que olha mais para circunstâncias materiais da economia (fluxos materiais, energia etc). “E, nesse caso, o cenário é realmente muito pessimista”.
Sustentáculos
A coluna Sustentáculos, com o professor José Eli da Veiga, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção na Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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