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Com foco na comunicação técnica, a 11ª edição do Workshop de Tecnologia Adaptativa (WTA) trouxe atualizações sobre os trabalhos de pós-graduação desenvolvidos no último ano pelo Laboratório de Linguagens e Técnicas Adaptativas (LTA). O evento foi criado há uma década pelo professor João José Neto, precursor da pesquisa sobre adaptatividade aplicada à engenharia no Brasil, e faz parte do calendário do Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais (PCS) da Escola Politécnica (Poli) da USP.
O intuito da adaptatividade é desenvolver mecanismos que proporcionem eficiência a autômatos que não estejam funcionando com excelência. “A instalação de um software adaptativo colabora para que um software original se torne novamente efetivo”, explica o professor. Um software adaptativo pode mudar a função ou o comando original de um aparato para que ele obtenha um melhor desempenho, “assim como um peão pode se tornar rainha ao chegar ao outro lado do tabuleiro”, compara.
A programação do evento contou com mesas-redondas, workshops teóricos e apresentações de pesquisas que exploram as várias possibilidades de aplicar a adaptatividade em todas as formas de tecnologia. “O que temos feito é montar toda uma estrutura com bases matemáticas, modelos e programas de circulação para viabilizar a adaptatividade na prática”, afirma Neto.
Um dos exemplos de como a técnica pode aumentar a produtividade na tecnologia cotidiana é abordado no artigo Estudo comparativo de algoritmos de compressão de textos baseada em gramática (comunicação técnica), do doutorando Newton Kiyotaka Miura e do professor João José Neto. Segundo a pesquisa, a adaptatividade pode permitir a realização de operações em dados compactados, sem que seja necessária sua descompressão, desde que se encontre uma gramática de comprimento mínimo que consiga representar o dado original.
A adaptatividade atua na procura por repetições na constituição do dado que podem ser simplificadas e substituídas por representações. Eliminando as redundâncias, o dado é compactado e assim exige menor capacidade de armazenamento na memória do computador, mas continua sendo equivalente ao dado original. “A adaptatividade como forma de raciocínio para elaborar soluções simplificou a forma de expressar a solução”, afirma Miura.
A adaptatividade pode estar presente no dia a dia em vários formatos, desde acompanhamento do crescimento de plantas, passando por melhorias em jogos eletrônicos e alcançando até a geração de sugestões de texto baseada na experiência do usuário, apresentada pela pesquisa de Francisco de Faria e João Pereira. O evento também contou com um workshop teórico sobre introspecção e compilação tardia em Python, ministrado pelo aluno Danilo de Jesus da Silva Bellini. Todos os artigos apresentados já estão disponíveis no site do evento.
Larissa Lopes / Jornalismo Júnior