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O nosso corpo e de praticamente todos os seres vivos possuem na superfície externa e interna populações de bactérias que convivem em harmonia e ajudam nos processo biológicos de defesa, renovação, digestão e outros. Isso é chamado de simbiose. Chega-se a estimar que em números eles representam 70% a 80% das células em um organismo normal.

Nas infecções, o corpo é invadido por um microrganismo e isso causa uma doença com todas as características de dor, febre, inchaço, mas pode ocorrer também a disbiose. A disbiose é a relação prejudicial ao hospedeiro, por populações de microrganismos e bactérias ocupando o trato intestinal, quebrando o equilíbrio de cooperação mútua e daí contribuindo para o agravamento de doenças. A disbiose vem sendo identificada em doenças, inclusive oculares, como a retinopatia diabética, o glaucoma, e o olho seco da síndrome de Sjögren. 

Por se tratar de uma população numericamente enorme, ainda que fisicamente diminuta, esses micróbios eliminam subprodutos do seu metabolismo que num processo satisfatório de simbiose são úteis para o corpo do hospedeiro, eles são absorvidos e distribuídos pelo corpo, atuando nos diferentes órgãos. Como mostrou o estudo de Xinyang Song e colaboradores, na Nature de julho de 2023, a combinação de uma dieta alterada e uma microbiota desfavorável pode estimular uma produção de ácidos graxos livres, pró-inflamatórios, que diante de uma doença acabam atacando para prejudicar e agravar o problema. 

A maneira tradicional de tratar que já é usada desde antes de conhecer esses fatores, envolve uso de medicações, incluindo anti-inflamatórios. Outra maneira é procurar, sempre que puder, uma dieta mais saudável, evitando favorecer os micróbios estranhos ao nosso funcionamento. As maneiras, cuja eficácia está sendo testada, agora diante dessas novas evidências, visam a trocar a microbiota intestinal ruim por uma boa, e poderá no futuro incluir até suplementos probióticos, similares aos iogurtes. 

Assim, a velha máxima: “Diga-me com quem andas e te direi quem és” pode estar valendo também para os nossos alimentos e os microrganismos que povoam nossos corpos. 

Referência: 

1. Song X, Zhang H, Zhang Y, Goh B, Bao B, Mello SS, Sun X, Zheng W, Gazzaniga FS, Wu M, Qu F, Yin Q, Gilmore MS, Oh SF, Kasper DL. Gut microbial fatty acid isomerization modulates intraepithelial T cells. Nature. 2023 Jul;619(7971):837-843. doi: 10.1038/s41586-023-06265-4. Epub 2023 Jun 28. PMID: 37380774.

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