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Diante da presença de grupos armados, 91% dos brasileiros convivem com alguma presença de facções criminosas em seus bairros, exibe pesquisa Fórum Brazil UK 2022 realizada pela plataforma homônima. A violência e a ilegalidade reverberam na percepção da segurança pública no cotidiano, sobretudo nas questões do armamento, do encarceramento e da ação das forças policiais. A pesquisa contou com uma amostra de perfil variável, segundo a distribuição representativa da população brasileira.
O controle territorial por grupos de poder paralelo evidencia a dificuldade de acesso e pouca autoridade da ordem pública nos bairros, principalmente nas periferias. “A partir do momento que você tem grupos armados atuando nesses territórios, você tem locais onde a lei não é garantida pela Constituição e pelo Estado, mas por tiranos”, comenta Bruno Paes Manso, jornalista e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP. Ele sinaliza um contraste na atuação dos grupos no Rio de Janeiro, onde são “opressivos”, enquanto, em São Paulo, a tirania caracteriza-se por ser mais efetiva e cotidiana.
Armamento da população
A pesquisa também revela que 58% das pessoas discordam que a segurança seria maior com o uso de armas. Apesar da insegurança com o crime nas áreas urbanas, o armamento da população não agrada aos brasileiros. “Eu acho que as pessoas querem previsibilidade, elas querem ordem, querem capacidade de pensar no futuro, elas querem instituições que funcionem”, opina Manso.
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Essa previsibilidade tange à realidade do Brasil de maneira simples: “É um desejo de que mesmo que você ganhe pouco, e que sofra, e que trabalhe horas seguidas, você não seja assaltado no ponto de ônibus às 5h da manhã”, conta ele. A garantia da segurança pública por meio de políticas institucionais tem sido debatida com afinco por representantes populistas, porém, nem sempre os funcionários do governo asseguram a harmonia da comunidade.
Milícias
O crime infiltrado nas instituições do Estado também é alvo de preocupação para as pessoas. Na visão dele, os crimes “são organizados pela polícia, que também conseguem votos nesses territórios e elegem muita gente (para os cargos públicos)”. Uma parcela de 68% dos entrevistados da pesquisa afirmou ter medo de sofrer violência das polícias civil e militar, órgãos responsáveis pela proteção da população. Ao invés da defesa da sociedade, o jornalista alega que os policiais tornam-se “protagonistas do crime”.
No Rio de Janeiro, as milícias surgiram com a bandeira de autodefesa frente à expansão do tráfico para outros territórios. “Eles passam a controlar o território alegando que vão evitar a chegada do tráfico, mas, a partir daí, eles começam a ganhar dinheiro de outras formas”, explica Manso, que exemplifica: “Extorquindo moradores e comerciantes, organizando monopólios de outros crimes ou produtos”. Ainda assim, a execução e o aprisionamento de criminosos são vistos com bons olhos pelos entrevistados.
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