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A primeira edição do Prêmio Oscar Niemeyer, que homenageia grandes construções arquitetônicas da América Latina, contou com três vencedores. Entre eles, a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin da USP, localizada na Cidade Universitária, em São Paulo, levou o segundo lugar e será homenageada durante a cerimônia de premiação nesta quarta-feira (16).
O edifício abriga o acervo pessoal doado à Universidade pelo empresário José Mindlin (1914-2010), que conta com uma coleção de obras sobre o Brasil reunidas ao longo de mais de 80 anos. O projeto da biblioteca foi um pedido de Mindlin ao seu neto, Rodrigo Mindlin Loeb, e seu amigo Eduardo de Almeida, que ficaram encarregados de construir um edifício para comportar a imensa coleção do bibliófilo. No total, o acervo possui cerca de 17 mil títulos e 40 mil volumes. Além deles, a biblioteca, que conta com um complexo de 21.950 m², também guarda o acervo do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP e conta com uma livraria, cafeteria, sala de exposições e auditório com capacidade para 300 pessoas.
De acordo com Loeb, que levou 13 anos para concretizar o projeto, a intenção ao idealizar o edifício era integrar os livros ao desenho do espaço. “Não queríamos que fosse só um depósito para guardar os livros”, conta. “A ideia era que a biblioteca também tivesse a atmosfera da casa dos meus avós. Colocamos, por exemplo, mezaninos metálicos, que também existiam na casa deles. Ao mesmo tempo, queríamos um ambiente que fosse completamente público, aberto e receptivo, que convidasse as pessoas.”
Para ele, a honra de ter seu trabalho reconhecido não está somente no prêmio em si, mas também na oportunidade de intercambiar experiências. “A gente vê a experiência de colegas de outros países, troca conhecimento. Tem um significado importante para a cultura latino-americana e para a arquitetura brasileira, que faz cada vez mais parte dela”, afirma o arquiteto.
A homenagem
O Prêmio Oscar Niemeyer para a Arquitetura Latino-Americana 2016, que se encontra em sua primeira edição, é entregue a cada dois anos para uma construção arquitetônica diferenciada. Os critérios de avaliação levam em consideração o caráter exemplar do projeto, assim como seus valores como proposta arquitetônica e tecnológica e sua relação com o contexto, com os aspectos sociais, culturais e ambientais.
Neste ano, o primeiro posto foi ocupado pelo Lugar da Memória, espaço projetado por arquitetos do escritório Barclay & Crousse e localizado em Miraflores, um distrito de Lima, no Peru. Depois da Biblioteca Brasiliana, que ficou em segundo lugar, a Capela San Bernardo, na Argentina – um projeto de Nicolás Campodónico -, obteve a terceira colocação.
A premiação ocorre nesta quarta-feira, dia 16, na Ágora da Casa de la Cultura Ecuatoriana, em Quito, capital do Equador. A cerimônia faz parte da 20ª Bienal Panamericana de Arquitectura de Quito. Os 20 primeiros finalistas ficam expostos no local até 18 de novembro.