Dificuldade de prever o clima vem da complexidade da dinâmica atmosférica

Augusto José Pereira Filho diz que, mesmo com o processamento de quadrilhões de informações obtidas das variáveis climáticas, sempre acaba faltando algo para ter 100% de precisão

 14/02/2022 - Publicado há 2 anos
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Apesar da tecnologia computacional e de profissionais especializados, é impossível prever o clima de maneira exata – Foto: Divulgação
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O clima é assunto cotidiano na vida humana. A todo momento estamos consultando a previsão do tempo para planejar viagens, festas e outros compromissos. Sua capacidade de despertar o interesse pode ser visto nos noticiários de rádio e TV, por exemplo, que têm dedicado espaço cada vez maior às previsões meteorológicas. No entanto, por ser algo a que estamos acostumados, não imaginamos quão complexas podem ser essas estimativas para o tempo.

O professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, Augusto José Pereira Filho, explica que “todas essas previsões demandam inicialmente conhecimento de matemática, mais clássica e moderna, […] de física do sistema terrestre e também moderna”, tudo isso para entender os processos de transferência de energia do Sol para a atmosfera, utilizando equações sofisticadas feitas por computadores.

 

Processamento de quadrilhões de informações por segundo

 

Augusto José Pereira Filho – Foto: Currículo Lattes

Pereira Filho prossegue, explicando que “dados de todo tipo são colocados, assimilados no modelo para que, então, esses modelos numéricos fundamentados na física e na dinâmica da atmosfera efetuem esses cálculos” e obtenham informações da temperatura, quantidade de chuvas, pressão, vento e umidade relativa do ar. O processamento computacional é da ordem de quadrilhões de informações por segundo. “É algo que demanda uma contação muito sofisticada”, destaca.  

As informações geradas no Brasil são enviadas a Washington e lá são processadas e redistribuídas pelo mundo. “Esses grandes centros computacionais vão, então, produzir essa previsão para até 15 dias”, afirma o professor. 

Apesar da tecnologia computacional e de profissionais especializados, é impossível prever o clima de maneira exata, ainda mais em uma região tropical como o Brasil. “A região equatorial tropical é bem mais complicada do ponto de vista físico, dinâmico, da informação. […]  Para latitudes mais altas é mais fácil fazer previsões, por exemplo, para os Estados Unidos”, explica. Então, os erros das previsões ocorrem pela “bagunça atmosférica” gerar muito mais informações do que os computadores podem dar conta. 

 

Metodologias e estimativas

 

Antigamente os erros eram mais recorrentes, pois as previsões vinham da observação de imagens de satélite. Porém, mesmo com a atual computação e o processamento de quadrilhões de informações obtidas das variáveis climáticas, sempre acaba faltando alguma coisa para ter 100% de precisão.

A estimativa que nos é apresentada parte de diversas metodologias de cálculos, que podem apontar para chuva ou sol. Quando há 80% de chance de chuva, quer dizer que a maioria dessas metodologias apontou para esse resultado e, em 20%, outras disseram o contrário.

Mas não há metodologia capaz de prever ainda exatamente o clima amanhã. “O nosso sistema é muito complexo. Às vezes faltou aquele detalhe para acertar a previsão, mas aí a previsão, em geral, pode ser corrigida com base na experiência do  meteorologista”, ressalta o professor.


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