O Jornal da USP no Ar recebeu hoje (13) o professor Marcelo Zuffo, do Departamento de Engenharia de Sistema Eletrônicos da Escola Politécnica (Poli) da USP, que coordena o Projeto Inspire junto com o professor Raul Gonzalez Lima, do Departamento de Engenharia Mecânica da Poli. Ele comentou sobre histórico, desenvolvimento, acertos e erros e as perspectivas futuras do projeto que desenvolveu o ventilador pulmonar aberto de baixo custo.
Zuffo explica que o projeto foi desenvolvido pela Poli desde o início. “Houve uma congregação em que a diretoria da escola fez um chamamento à ação. Depois disso, eu fui abordado pelo professor Raul e, a partir de então, partimos para essa aventura”, conta. Inicialmente desenvolvido como um projeto coletivo da Poli, envolvendo inclusive alunos de diversos departamentos, o Inspire envolve hoje cerca de 230 pessoas, contando com colaborações da Faculdade de Medicina (FMUSP), da Faculdade de Direito (FD), da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), da Faculdade de Odontologia (FO) e, mais recentemente, da Faculdade de Saúde Pública (FSP), além de institutos especializados.
O ventilador é definido como sendo de baixo custo, porque as peças usadas são convencionais. Zuffo explica que, com as cadeias de fornecimento e as exportações paradas, seriam obrigados a usar componentes mais fáceis de se encontrar ou desenvolver os próprios equipamentos, o que foi o caso. Por isso, os ventiladores pulmonares do Inspire custam cerca de R$ 3 mil, enquanto no mercado podem chegar à casa dos R$ 50 mil.
A intenção inicial era de produzir um equipamento emergencial. “A possibilidade de pacientes não terem acesso a essa tecnologia nos assustava e a nossa questão era exatamente essa: aplicar essa tecnologia na sociedade”, conta. O equipamento produzido na Poli foi, então, ficando mais robusto, tendo um desempenho acima da média.
“Não paramos de trabalhar desde o dia 15 de março”, conta Zuffo. Apesar de grande parte da equipe de voluntários permanecer em home office, alguns têm trabalhado presencialmente para que o projeto se concretize. “Nossa intenção é de produzir e distribuir mil ventiladores. Já distribuímos, em parceria com a FSP, 50 exemplares. Ressaltamos sempre que a crise não acabou e, por isso, a tecnologia de ventilação pulmonar é importante e está se desenvolvendo também”, alerta.
O professor conclui afirmando que esse projeto inaugurou um novo momento da universidade pública. “Há um conhecimento enorme estocado na universidade e, em um país em desenvolvimento, é necessário levar isso à sociedade. Se fizermos reformas nos mecanismos de distribuição, conseguiremos trazer muitos benefícios para a sociedade”, finaliza.
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