Doenças graves não devem ser negligenciadas mesmo durante pandemia

Flavio Hojaij diz que as pessoas ficaram traumatizadas com a atual pandemia, mas há casos em que não é possível esperar pelo seu término para dar continuidade a tratamentos e realizar cirurgias

 04/05/2020 - Publicado há 4 anos

Neste momento, médicos de diversas especialidades têm focado todos os esforços no combate ao coronavírus, bem como nos atendimentos de pacientes sintomáticos da covid-19 nos hospitais. Por isso, há muitas dúvidas a respeito do prosseguimento de diagnósticos, tratamentos e cirurgias eletivas e de emergências. O Jornal da USP no Ar conversou com Flavio Hojaij, especialista em Cirurgia de Cabeça e Pescoço e professor da Faculdade de Medicina (FM) da USP, para entender como os médicos estão lidando com essas circunstâncias.

Com restrições de atendimentos gerais, o Hospital das Clínicas (HC) está com quase todos os leitos voltados para receber pacientes com o novo coronavírus. “Mas, se saímos dos muros da Faculdade de Medicina, as coisas estão andando. Hoje mesmo tive contato, via celular, com um paciente que precisa possivelmente de tratamento cirúrgico. Estou com meu celular absolutamente aberto, já não era uma coisa privada, agora menos ainda”, afirma Hojaij, reforçando que o atendimento está inclusive mais fácil, já que o contato é direto com o especialista.

O médico considera o atual momento complexo. Depois de fazer uma pesquisa na literatura médica sobre cirurgias eletivas neste período de pandemia, foi preparado um manuscrito com diretrizes para realização de cirurgias neste contexto, publicado na Clinics, revista do Hospital das Clínicas. Resumidamente, os principais pontos levantados para análise caso a caso são: continuidade de atendimento em caso de tumores mais graves; cirurgia de pacientes de forma emergencial com recomendação de teste de coronavírus e tomografia; e adiamento de operações para pacientes que podem esperar.

“Temos que ter responsabilidade com as medidas de prevenção, para fazermos parte do achatamento da curva de casos. Mas a vida vai continuar com os outros problemas de saúde”, explica o especialista. Ele cita exemplos de casos em que não é possível esperar o término da pandemia, como sentir nódulos na mama, sangramento quando for evacuar ou hipertensos com dores no peito: “Não dá para não procurar o médico”.

Flavio Hojaij diz que, infelizmente, as pessoas ficaram traumatizadas com a situação da pandemia e estão esquecendo que existem outras doenças graves. “O medo do coronavírus é uma coisa que temos que ter, mas não podemos ter ‘paúra’, porque ela vai estancar. A vida já está parada no ponto de vista econômico, mas a sua saúde precisa continuar andando.”

Ouça a entrevista na íntegra no player acima.


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